‘Ainda estou aqui’ concorre a três categorias na premiação deste domingo (2).
Neste domingo (2), o Brasil pode levar um Oscar pela primeira vez em pleno carnaval. “Ainda estou aqui” concorre a três categorias (Melhor Filme, Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz) e tem chances significativas de vencer em pelo menos uma delas.
A edição de 2025 da premiação acontece em Los Angeles, a partir das 21h, com apresentação do comediante Conan O’Brien e transmissão ao vivo na TV Globo.
Abaixo, o g1 lista dez motivos para acreditar que “Ainda estou aqui” pode levar uma estatueta:
1. Campanha bem-feita
Não basta ser um bom filme para ganhar o Oscar. As obras indicadas precisam investir em boas campanhas, para garantir que os votantes assistam ao filme, entendam sua importância e saibam valorizar a qualidade dele.
Felizmente, a campanha de “Ainda estou aqui” foi impecável, sem espaço para polêmicas e com crescente valorização do filme. Desde a estreia do longa em Veneza, até entrevistas internacionais e elogios de estrelas como Jessica Chastain e Ariana Grande, o filme brasileiro ganhou força ao longo dessa temporada.
2. Crise de ‘Emilia Pérez’
O maior concorrente de “Ainda estou aqui” é “Emilia Pérez”, longa que teve 13 indicações ao Oscar. A princípio, o brasileiro teria poucas chances comparado a uma obra tão indicada – mas as polêmicas envolvendo o filme francês podem tê-lo prejudicado.
A principal delas, claro, é a crise devido aos posts de Karla Sofía Gascón. Publicações de teor racista e xenofóbico, feitas pela espanhola, colocaram a atriz no centro de um escândalo. Gascón foi afastada da campanha e criticada até por Jacques Audiard, diretor do filme.
Vale lembrar que “Emilia Pérez” já vinha em uma esteira de polêmicas, pela representação de mexicanos e a abordagem de assuntos como a transição de gênero. Ao todo, a situação da obra pode ter se complicado.
3. Carisma de Fernanda
Ao que depender do carisma de Fernanda Torres, o Brasil já é vencedor. A atriz chamou a atenção da imprensa internacional – e conquistou o carinho de colegas – com suas entrevistas bem-humoradas e postura elegante. Assim, ela pode ter conquistado votos de quem normalmente optaria por atrizes de Hollywood, mais conhecidas e consagradas por lá.
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Fernanda Torres e Ariana Grande no Festival de Santa Bárbara — Foto: Reprodução/X
4. Vitória de Fernanda no Globo de Ouro
Das concorrentes à categoria de Melhor Atriz, vale lembrar que Demi Moore e Fernanda Torres venceram o Globo de Ouro deste ano. A brasileira ganhou a categoria de Melhor Atriz de Drama e a americana venceu a de Melhor Atriz de Comédia ou Musical. Ambos os prêmios costumam pesar na consideração dos votantes da Academia do Oscar — embora, vale lembrar, as premiações funcionem de forma diferente e não tenham conexão entre si. É o que mostra um levantamento analítico feito pelo g1.
A partir de 1950, a categoria de Melhor Atriz no Globo de Ouro passou a ser dividida entre Drama e Comédia ou Musical. Desde então:
- Entre as vencedoras do Globo de Ouro de Melhor Atriz em Filme de Drama, 36 também levaram o Oscar.
- O padrão é menos frequente para a categoria de Atriz de Comédia ou Musical. Entre as vencedoras do Globo de Ouro, somente 17 ganharam também o Oscar de Melhor Atriz.
Sendo assim, Fernanda teria vantagem sobre Demi Moore.
5. Derrota de Fernanda Montenegro
Não é novidade que os votantes do Oscar gostam das chamadas “narrativas”, isto é, as histórias em torno de quem foi indicado. É o caso de Demi Moore, que tem a seu favor um histórico complicado em Hollywood e o fato de ser uma atriz veterana que nunca venceu um prêmio. Mas Fernanda Torres também tem uma ótima narrativa.
A indicação da brasileira lembrou a todos da derrota de Fernanda Montenegro, indicada ao Oscar de Melhor Atriz em 1999 por “Central do Brasil”. Imagina premiar a filha, 26 anos após a derrota da mãe?
6. Oscar mais global
Na última década, o Oscar foi muito criticado por falta de inclusão e diversidade. Em 2016, surgiu a campanha #OscarsSoWhite, que criticava a falta de pessoas não brancas ou latinas entre as indicadas. E desde então, a Academia se comprometeu a investir na inclusão entre os membros – resultado visto na prática em 2020, com a vitória de “Parasita”.
7. Contexto do filme
O tema de “Ainda estou aqui” pode ser específico ao contexto brasileiro, mas a ditadura, o fascismo e a censura são assuntos muito discutidos atualmente. Neste momento em que a política americana está em pauta, “Ainda estou aqui” ganhou relevância para os estadunidenses.
“O que pareceu novo para mim — e intensamente inquietante — foi absorver um filme sobre uma repressão como essa e me perguntar se agora tinha o potencial de acontecer nos EUA. Senti como se fosse uma pergunta que nunca tive que me fazer antes”, escreveu um crítico da “Variety”. G1
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Selton Mello e Fernanda Torres em ‘Ainda Estou Aqui’ — Foto: Divulgação