Blog do Jorge Amorim

As mídias sociais, o emburrecimento contumaz e seus desdobramentos; *(Prof. Dirlêi A Bonfim)

Quero iniciar esse ensaio com uma questão atual e bastante pertinente

Imagem da Internet

O conteúdo da entrevista do Professor DsC. Geoffrey Hinton, especialmente conhecido pelo seu trabalho em redes neurais artificiais, que deixou o Google esta semana e nos deixa, a todos muito assustados com a sua entrevista, acerca dos desdobramentos da (I.A) Inteligência Artificial. O precursor da inteligência artificial Professor Geoffrey Hinton disse: “que deixou o Google para falar livremente sobre os perigos da tecnologia, depois de perceber que os computadores poderão se tornar mais inteligentes do que as pessoas muito antes do que ele e outros especialistas esperavam”. Ainda sobre a (I.A) Inteligência Artificial. É basicamente uma reunião de diversas tecnologias com o objetivo de fazer com que qualquer tipo de máquina seja capaz de detectar, compreender e agir da forma mais parecida possível a nós seres humanos. Essa área da ciência acompanha o avanço dos setores tecnológicos que envolvem computação, informática e internet, o que significa um crescimento infinito e gradual embasado em combinação de dados e análises a fim de otimizar tanto processos complexos quanto mais rotineiros da vida. É necessário no entanto, que compreendamos o que hoje chamamos de “algoritmo”.

 

Os algoritmos estão relacionados a soluções de problemas a partir de instruções, raciocínios lógicos e operações, uma forma digital e automática que o ser humano encontrou de reproduzir suas próprias ações, (sejam elas boas, ou más). Um pouco da história do que está acontecendo na chamada revolução tecnológica hoje. No que se refere às cidades, as empresas e as pessoas em geral, suspeito que seja igual em outros campos, é que a tecnologia está se tornando cada vez mais primitiva socialmente. Podemos usar a tecnologia muito bem. É necessário para lidar com o funcionamento de uma cidade. Mas, agora, estamos usando a tecnologia para dizer às pessoas o que fazer, em vez de proporcionar uma ferramenta que mostre opções e seja capaz de motivar, estimular e incentivar as pessoas, às leituras e aprofundamentos necessários das Ciências, das questões todas, da própria tecnologia da informação e outras tantas ferramentas fundamentais para o conhecimento intelectual humano mais aguçado.

Certas coisas como o Google Maps e outras tantas ferramentas disponíveis, que dizem às pessoas para onde ir e como chegar lá. Mas, ao mesmo tempo, não estimulam as pessoas, por exemplo, o gosto pela Geografia, ou mesmo, a outros estudos fundamentais. Estamos, em outras palavras, emburrecendo gradativamente a população e tornando-a preguiçosa, na medida em que se oferece uma quantidade inimaginável de informações às pessoas, sem que elas tenham sequer, o preparo mínimo necessário para absorvê-las. O exemplo clássico do que se transformou as redes sociais.

Segundo o Professor Umberto Eco (2017), anteviu esse fenômeno: “as mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, ou sozinhos (…) Segundo Eco, as redes de TV´s, já haviam colocado o “idiota da aldeia” em um patamar no qual ele se sentia superior. “O drama da Internet é que ela promoveu o idiota da aldeia… No passado, os imbecis ficavam restritos a certos grupos, agora nessa aldeia digital “eles viralizaram junto com as suas idiotices”. Antes das redes digitais, diziam imediatamente a eles para calar a boca, enquanto agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel. “Infelizmente, o drama da internet é que ela promoveu as imbecilidades e seus imbecis a portador da verdade”. Ainda que suas “verdades”, sua violência e seus “valores” não sejam compartilhados por toda a sociedade, é de se reconhecer que exercem, hoje, forte influência nos destinos do país… ou será que não…? “as mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar (…) O drama da internet é que ela potencializou coisas boas… Todavia, muito mais coisas ruins, os crimes cibernéticos, os grupos de criminosos de todas as tribos digitais, pregando a agressividade e a violência gratuita, como se a internet fosse “terra de ninguém”.

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Segundo o Professor Cortella (2021), “A instantaneidade e conectividade das mídias sociais fomentam um ambiente hostil em que todos têm “alguma opinião sobre algo, mas muito poucos têm fundamentos refletidos e conhecimento aprofundado das questões para iluminar as opiniões”. O conhecimento científico é diariamente desprezado. O homem de massa, passa a defender que a terra não é redonda; passa a recomendar que não é preciso vacinar crianças e idosos; afirma que o isolamento social em época de Pandemia não tem efeitos no controle de contágio; passa a recomendar, genericamente, tratamentos e medicações ainda não reconhecidos pela sociedade científica, ou seja; resume o conhecimento e evolução científica da humanidade a nada. Cientistas sérios devem estar refletindo de que valeram centenas de anos de estudo, descobrimento, experimentos, testes, sucesso e fracasso que levaram à evolução científica? E isso é muito sério…

As mídias sociais, deram origem a figura até então, completamente desconhecida ou inexpressiva do influenciador digital o “tudólogo”, aquele que opina sobre tudo mas, não diz nada, vazio nas citações, fútil nos comentários, grotesco nas afirmações, aquela figura avessa ao conhecimento acadêmico e científico, mas, que fala para um público de internautas, cada dia, mais ansiosos e ávidos por futilidades fofocas e amenidades, assim, impulsionado pela quantidade de “curtidas”, “likes”, “views”, vão se projetando essas figuras esdrúxulas, completamente distantes do processo de aprofundamento das questões… na verdade, tudo isso, insere-se nos instrumentos e ferramentas mercadológicas.

O papel das redes sociais e da evolução dos meios de comunicação de massa, de notícias falsas e mentirosas, as tais “fakenews”, bom que se afirme, “o crime da mentira no ambiente remoto e virtual”, além de outros mecanismos de universalização da desinformação, que tiveram papel determinante no estado de imbecilidade atual da sociedade brasileira e global. Não há dúvida que o indivíduo de massa — cioso de suas verdades — encontrou mecanismo ideal de se conectar com outros indivíduos de massa, formando agora uma massa geral de homens que cultuam a imbecilidade, a arrogância, a prepotência, a violência, a ignorância, o não saber acadêmico, histórico e científico e o desapego aos valores educacionais, éticos e civilizatórios.

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Aliás, essa correlação entre ignorância e violência coletiva é antiga, como nos alerta o Pensador Diderot(2013). “Desconfie do julgamento da multidão em assuntos de reflexão e filosofia; sua voz é aquela da maldade, da estupidez, desumanidade, irracionalidade e preconceito (…) A multidão é ignorante e estupefata” (…) Desconfie dela em questões de moralidade; ela não é capaz de ações fortes e generosas (…)”. Assim, a busca e a valorização do conhecimento; o respeito ao saber histórico; a constante evolução científica e o culto a valores civilizatórios são características que distanciam a sociedade do estado de imbecilidade, arrogância e de violência. Em uma palavra: educação. E o que assistimos no Brasil e no Mundo atualmente…? É assustador constatar que muita irracionalidade, muita imbecilidade, se apresenta de forma ampla e sem limites em várias plataformas e destinos. Segundo o Professor, Pierre Lévy(2022). “A figura do digital influencer viu sua importância crescer em especial na última década.

Para indivíduos da Geração Z”, (que, até 2025, irão compor cerca 22% da mão de obra do planeta, direcionando, ainda mais, as tendências de consumo globais), YouTubers, Blogueiros e Instagramers tem tão ou mais influência que personalidades da TV, Cinema, ou de outros nichos do entretenimento. Uma prova desta posição foi a eleição de Whindersson Nunes como personalidade mais influente do vídeo brasileiro, à frente de nomes como Taís Araújo ou Rodrigo Faro, em pesquisa realizada pela Provokers para o Google e Meio & Mensagem. Os influenciadores, em conjunto com fatores sociais, culturais e de motivação pessoal, estão entre os principais elementos capazes de direcionar uma decisão de compra e uma maior aproximação entre uma marca e o seu público-alvo.

Neste contexto, a força do digital influencer é preponderante e alguns dados corroboram para esta afirmativa. Em pesquisa de 2022, o Governo Brasileiro constatou, por exemplo, que o brasileiro passa mais tempo na internet do que em qualquer outra plataforma midiática. Já de acordo com um estudo da ODM Group, foi constatado que mais 70% dos consumidores analisados na pesquisa utilizam suas redes sociais para guiar decisões de compra. Então…? Assim, vamos questionar, qual a contribuição de fato, do ponto de vista intelectual desses tais influencers…??? E isso, nos remete aos Pensadores Umberto Eco, Mário Sérgio Cortella, ou Pierre Lévy.

Para os Educadores, Filósofos e estudiosos do comportamento humano, a imbecilidade é consequência do desenvolvimento anormal da psique, condenando o indivíduo a uma eterna infância. Os imbecis são, portanto, pessoas de fácil sugestionabilidade, sendo que os paranoicos (portadores de outra patologia) exercem grande influência sobre eles, como adverte o Professor Eco (2002), “cada paranoico que se tem passado por profeta, inventor ou coisa parecida, tem sempre conseguido arrastar alguns imbecis na órbita do seu delírio”.

Segundo o sociólogo norte americano Professor Richard Sennett (2017), ele faz uma crítica as tecnologias ditas inteligentes, argumentando que elas, pelo contrário, nos distanciam cada vez mais da inteligência e da complexidade social. Segundo o sociólogo, “a web está sendo programada e utilizada com base em códigos padronizadores e uniformes, concebida para entregar um produto social cada vez mais primitivo. Cabe a nós, por fim, transformar este quadro.” Em outras palavras, o Professor Sennett, vai nos dizer da necessidade, dos investimentos em “Educação e na preparação das sociedades de forma integral, sensível e humana, para a valorização da Vida e de todos os sentimentos mais puros e Nobres de ordem humanística”, só assim, teremos uma Sociedade Humana, mais Humanizada, Ética, Digna e Respeitosa, onde cada ser humano seja valorizado e sinta a necessidade de valorizar a Vida de outros tantos Seres Humanos.

**contribuição do Professor DsC. Dirlêi A Bonfim, Doutor em Desenvolvimento Econômico e Ambiental, Professor da SEC/BA**Sociologia** Plano de Formação Continuada Territorial – IAT/SEC/BA.04/2023.1**

 


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