Blog do Jorge Amorim

Humanidade destroçada:  a guerra e os descaminhos da geopolítica internacional – *Prof. Dirlêi A Bonfim

 

 

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Vou iniciar esse ensaio com alguns questionamentos: O que são as guerras…? Porque elas existem…? Senão para acalentar a fome e a ganância exacerbada pelo poder. Um pouco de teoria sobre a Guerra… Que se apresenta como confronto sujeito a interesses da disputa entre dois ou mais grupos distintos de indivíduos mais ou menos organizados, defendendo cada um a seu modo, os seus interesses, se utilizam de todos os instrumentos necessários para aniquilar ou destruir o outro (inimigo).

A guerra ocorre em geral, entre países ou entre grupos menores, como as tribos ou facções políticas dentro do mesmo país (confronto interno, guerra civil). Em ambos os casos, pode-se ter a oposição dos grupos rivais isoladamente ou em conjunto. Ou quando envolve outros interesses maiores e passam a extrapolar as fronteiras e territórios. Os conflitos geopolíticos internacionais e globais.

Neste último caso, tem-se a formação das chamadas alianças, que também lutam também por interesses comuns. A guerra representa para o ser humano tudo aquilo que ele mais teme: destruição, caos e principalmente a morte. A guerra é feita pelos homens e contra os homens. Representou uma das causas pelas quais o próprio ser humano se tornou como é, tal qual a hipotética construção do homem no estado de natureza hobbesiano.

Para Hobbes, o que poderia unir os soberanos e evitar a guerra é a desconfiança mútua entre eles. Só se relacionariam para evitar que um ataque o outro, estabelecendo limites. O que significa a frase “O homem é o lobo do homem: para além do Leviatã…”O homem é o lobo do homem é uma frase tornada célebre pelo filósofo inglês Thomas Hobbes que significa que o homem é o maior inimigo do próprio homem.”

A criação do Estado nada mais foi que um reflexo intelectual da efetivação do instinto da proteção humana. O agrupamento de homens subjugados a uma autoridade é consequência da necessidade de sua incessante busca pela sobrevivência (à luz de uma concepção hobbesiana)

As guerras sempre foram uma maneira comum de tentar se resolver as divergências, a contradição, o desencanto, o ódio e a profunda necessidade pelo domínio e poder sobre o território e as suas populações, mais graves entre estes grupos, fossem eles reinos, impérios, baronatos ou mesmo tribos rudimentares, ou mesmo o Estado constituído como o concebemos na contemporaneidade. Só não teme o que está acontecendo quem ignora os fatos: trata-se este do momento mais delicado entre russos e americanos em cinco décadas. E também para o resto do mundo, que assiste impassível a negociações infrutíferas, ataques verbais sucessivos e conferências preocupantes. Normalmente, o inferno começa com palavras — e com exércitos em marcha.

Segundo o Professor Russel(2013). “Descobrir um sistema para evitar a guerra é uma necessidade vital para nossa civilização, mas nenhum sistema tem condições de funcionar enquanto os homens forem tão infelizes, gananciosos e hipócritas, que o extermínio mútuo lhes pareça menos terrível do que enfrentar continuamente a paz a luz do dia.”

As memórias da Segunda Guerra Mundial ainda seguem extremamente vivas e muito presentes no leste da Europa. Por um lado, a Rússia celebrou, no recentemente, os 76 anos da vitória contra o nazi-fascismo, em que as forças alemãs assinaram a rendição diante do Exército Vermelho soviético, pondo fim ao enfrentamento no continente europeu. Por outro, a tensão militar na fronteira russa com a Ucrânia dos últimos meses, além de reacender o conflito na região, também conta com a presença de discursos nazistas.

A tragédia é que, em larga medida, isso serviu para empoderar neonazistas, literalmente, divulgando somente os objetivos dos poderes ocidentais que lhes emprestaram apoio. Como outros narrativas tragicamente comum na Europa pós-Guerra Fria, de um país mutilado e dilacerado quando suas divisões políticas e sociais foram usadas e estimuladas ainda mais na peleja de uma grande rivalidade entre poderes mundiais.  Nunca, desde 1963, quando houve a chamada Crise dos Mísseis em Cuba, o mundo esteve tão próximo de uma Terceira Guerra Mundial. Naquela época os soviéticos é que planejavam instalar uma base de lançamentos no país vizinho dos EUA. Claro, John Kennedy não deixou.

Agora a Ucrânia, com pretensões ainda de integrar a aliança militar ocidental(OTAN), virou a Cuba de Vladimir Putin. Não são exagerados os alarmes de Joe Biden: é fato que a Rússia cercou militarmente a Ucrânia com a maior movimentação bélica desde a Segunda Guerra; é fato que a diplomacia está fracassando seguidamente; é fato que o Oriente está se alinhando tanto quanto o Ocidente, haja vista o pronunciamento chinês pró-Rússia; e é fato também que de um lado temos os Estados Unidos e de outro a Rússia — as maiores potências nucleares do mundo.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, Antonio Guterres, fez um apelo de última hora neste momento ao presidente russo, Vladimir Putin, para que pare a guerra ‘em nome da humanidade’, depois que o líder russo anunciou uma operação militar em leste da Ucrânia. “Presidente Putin, em nome da humanidade, traga suas tropas de volta à Rússia”, disse Guterres, falando após uma reunião de emergência do Conselho de Segurança sobre a Ucrânia.

As consequências das guerras, como em outras épocas, são devastadoras para aqueles que estão diretamente ligados ao conflito, à (Ucrânia e a Rússia), mas para todos, o problema dos refugiados, a tragédia humana, social, econômica, ambiental, enfim, causando danos irreversíveis à todo o planeta. Com o fim da guerra fria muitos acreditavam que haveria paz no mundo contemporâneo essa visão tanto simplória, nos remete a conflitos pelo mundo, também a proliferação de armas químicas e nucleares, que vieram agravar a instabilidade mundial, nessa última década o oriente médio ainda permanece como uma das áreas mais conturbadas, pela guerra em todo o mundo, assolada por conflitos étnicos e religiosos na busca e alvo dos interesses das grandes potênciasMenina chora durante guerra entre Rússia e Ucrânia (Foto: Divulgação/Jhou)

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Segundo o Professor Bauman (2011),“…Não há guerra limpa, toda guerra é suja, na melhor das hipóteses, muitos inocentes morrerão e nada se justifica.” “Podem-se comandar soldados, mandar que um deles se coloque diante de um canhão, em batalha, e ele saber que vão dispará-lo sobre ele: ainda assim, terá esperança, de uma luta que não é sua…”. (Fiódor Dostoievski – O Idiota).

As guerras sempre foram uma maneira comum de tentar se resolver as divergências, a contradição, o desencanto, o ódio e a profunda necessidade pelo domínio e poder sobre o território e as suas populações, mais grave entre estes grupos, fossem eles reinos, impérios, baronatos ou mesmo tribos rudimentares, ou mesmo o estado constituído como o concebemos na contemporaneidade. Só não teme o que está acontecendo quem ignora os fatos: trata-se de um momento muito delicado entre russos e americanos em cinco décadas. E também para o resto do mundo, que assiste impassível a negociações infrutíferas, ataques verbais sucessivos e conferências preocupantes. Normalmente, o inferno começa com palavras — e com exércitos em marcha.

Segundo o Professor Russel(2013). “  O que está acontecendo na Ucrânia…? Segundo Branko Marcetic (2022), em 2014, o jogo trapaceiro dos poderosos, a ira justa contra um status quo corrupto e oportunistas de extrema direita derrubaram o governo ucraniano. A crise de hoje não pode ser compreendida sem entender as revoltas de Maidan – e o apoio de Washington. Uma multidão desafiadora de manifestantes, uma confusão onde os corpos de extremistas de direita se esfregam lado a lado a pessoas comuns e desejam a cabeça do presidente eleito. Eles cantam slogans antigoverno, ocupam prédios governamentais e carregam armas – alguns deles com armas improvisadas a tira colo, outros deles com rifles de caça e Kalashnikovs. Enquanto tudo é dito e feito, as manifestações levam à morte e à hospitalização tanto de manifestantes, civis, como policiais.

Na Guerra civil ucraniana, interesses econômicos e construções políticas excludentes marcam essa região do leste europeu. O movimento neonazista surgiu na Europa logo após a Segunda Guerra e fez o resgate de ideais nazistas. Como uma insurreição na Ucrânia apoiada pelos EUA nos impulsiona a beira de uma possível III guerra mundial… Entretanto, se faz necessário entender algumas equações da geopolítica global, por exemplo, é fundamental para compreender o impasse em curso no leste europeu, que pode ser rastreado até a atual polarização entre os EUA e a Rússia – dependendo a quem você perguntar, ele é uma inspiradora revolução liberal ou um golpe de extrema direita…? Quem está por trás das atitudes e da resistência do Senhor Zelenski, no tabuleiro da geopolítica internacional…? Porque esse Senhor flerta com a extrema direita, representantes do neonazismo, fascistas e ultranacionalistas…? Não é tão simples assim, quais foram os acordos políticos e alianças que o levaram ao poder…??? Quem é esse Volodimir Zelensky e quais são as suas ramificações, envolvimento e pretensões…?

Segundo o analista político Nicholas Rackers(2022), ressaltou que, ainda no governo de Petro Poroshenko (2014-2019), uma lei proibindo tanto símbolos nazistas quanto comunistas foi aprovada, mas enquanto ela serve para demolir o que resta dos monumentos e do legado simbólico soviético, as organizações neonazistas seguem impunes. A história é antiga, mas demonstra o quanto os grupos neonazistas e de extrema direita ultra nacionalistas, continuam tendo poderosa influência sob o governo do atual do presidente. Volodymyr Zelensky. Inclusive, o ex-primeiro-ministro de sua equipe, Alexey Goncharuk, participou e discursou ativamente num evento político e em um show de rock de uma banda de extrema direita. Isso prova, de acordo com Albu, que a “promessa eleitoral de acabar com a guerra feita por Zelensky não passou de uma mentira”.

O neonazismo é a ideologia que faz o resgate de elementos do nazismo e surgiu após a Segunda Guerra Mundial. Os neofascistas/neonazistas escoram-se nos ideais nazistas, dando-lhes uma nova aparência em alguns casos, mas usam esses ideais para promover o ódio contra diferentes grupos da sociedade, tais como negros, judeus, homossexuais, católicos, mulheres feministas, anarquistas, comunistas etc.

Essas organizações criminosas vão surgir na Europa dentro das alas radicais da direita e foi formado por antigos nazistas que sobreviveram à derrota do nazismo em 1945. Essa ideologia proliferou-se com o tempo em muitos grupos e associações, que atuavam na clandestinidade, mas também adentrou na política profissional com a formação de partidos que aglomeravam os neofascistas e neonazistas. Esses partidos utilizavam uma linguagem mais branda para mascarar a influência nazista. Países como Alemanha, Itália, França e Inglaterra enfrentaram um grande crescimento desses grupos, que passaram a se expandir para diferentes partes do mundo. Atualmente, existem movimentos neonazistas em todos os continentes, sendo os Estados Unidos um dos países em que esse movimento teve grande crescimento.

Segundo o Southern Poverty Law Center, instituição que acompanha grupos e organizações radicais nos Estados Unidos, existem atualmente no país cerca de 121 grupos neonazistas. Inclusive no Brasil, nas regiões Sul e Sudeste. O que tem fascistas e nazistas em comum…? A guerra, o poder, o ódio, a ganância, a antiética, a distorção de todos os valores. Na verdade o que desejam esses senhores, como seus planos sórdidos…? O absolutismo, os regimes totalitários, a exacerbação do poder, apenas…? Como alguém pode ser conivente com a guerra…?

É muito fácil para os dirigentes gananciosos, dementes, insanos promoverem os conflitos e enviarem os jovens soldados idealistas nacionalistas, aos campos de batalhas para morrerem por uma guerra que não é sua…E que serão esmagados, tudo vira estatística, nomes que serão uma baixa de uma guerra qualquer, para governos que eles nada significam… Assim, encerro com a citação de Caetano: “… Enquanto os homens exercem seus podres poderes, morrer e matar de fome, de raiva e de sede, são tantas vezes gestos naturais…”

 

**contribuição do Professor DsC. Dirlêi A Bonfim, Doutor em Desenvolvimento Econômico e Ambiental,  Professor da SEC/BA

**Sociologia** Plano de Formação Continuada Territorial – IAT/SEC/BA.2022.1**


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