Milhares de manifestantes reivindicaram o impeachment do presidente da República
Suspeitas de corrupção investigadas na CPI da Covid, relacionadas à compra de vacinas, viraram tema de protestos contra o presidente Jair Bolsonaro no sábado 3. Milhares de manifestantes levaram cartazes, faixas e alegorias com repúdio ao governo federal pelas denúncias de prevaricação e de favorecimento ilícito nas transações.
A 3ª mobilização nacional pelo impeachment estava marcada para 24 de julho, mas foi antecipada para este fim de semana após o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) dizer que Bolsonaro sabia de irregularidades comandadas pelo líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), na aquisição dos imunizantes da indiana Covaxin.
“É inconcebível que, nesse momento da pandemia, com a necessidade que a gente tem de medidas de segurança e de vacinas para a prevenção, a gente tenha que estar discutindo a responsabilização de pessoas que utilizaram desse momento para desviar dinheiro público”, disse Renan Quinalha, professor de Direito da Universidade Federal de São Paulo, presente na manifestação em São Paulo.
Flávia de Melo, também professora, disse à reportagem de CartaCapital que perdeu o seu esposo de 37 anos pela Covid-19. Ela erguia um cartaz com os dizeres “Bolsonaro matou meu marido”.
“O vírus é perigoso, mas eu acredito que o governo se tornou muito pior com essa corrupção”, declarou Flávia. “Minha revolta é maior que a minha dor nesse momento.”
Segundo organizadores, pelo menos 150 mil pessoas estiveram presentes nos atos de São Paulo, 70 mil no Rio de janeiro, e 40 mil na capital pernambucana Recife. Foram estimados mais de 300 atos em 23 estados. Também ocorreram mobilizações no exterior, em países como Portugal, Espanha, Estados Unidos, Reino Unido, Canadá e Itália. Carta Capital