Não siga nenhuma decisão imbecil do presidente da República ou do ministro da Saúde. Tome vacina’, diz Lula.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, usa máscara de proteção contra a Covid-19 em cerimônia no Palácio do Planalto para sancionar projetos de lei que ampliam a capacidade de aquisição de vacinas pelo governo — Foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
O discurso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva confrontando a política do presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento da pandemia de coronavírus teve efeito imediato: o governo foi para defensiva.
Segundo aliados próximos de Bolsonaro, a volta de Lula ao jogo eleitoral e o forte discurso do petista nesta quarta-feira (10) causaram grande impacto no presidente e em familiares.
Toda a expectativa de Bolsonaro era polarizar a disputa com o PT. Mas a aposta era no ex-ministro Fernando Haddad. “Lula foi para o ataque e deixou a família atordoada”, explicou ao Blog um aliado próximo do presidente.
Um sinal claro de que a família presidencial passou recibo foi a mensagem do senador Flávio Bolsonaro nas redes sociais — replicada pelo ministro Fábio Faria (Comunicações) e por aliados bolsonaristas — logo depois do discurso de Lula.
O filho do presidente pediu aos seguidores que compartilhassem uma foto de Bolsonaro com a inscrição “Nossa arma é a vacina”.
O gesto foi visto como uma decisão política de polarizar o debate com Lula, que criticou no discurso a prioridade de Bolsonaro à liberação da compra de armas.
Como revelou levantamento do G1 no site de fotos da Presidência, a última vez em que Bolsonaro usou máscara em um evento oficial foi em 3 de fevereiro, na sessão solene de abertura do ano legislativo do Congresso. Desde então, houve 36 eventos oficiais em Brasília e outras cidades — entre os quais solenidades, audiências, encontros com embaixadores e formaturas — com a participação do presidente. Em todos, ele estava sem máscara, à exceção da cerimônia desta quarta.
O discurso de Bolsonaro na cerimônia no Planalto foi quase uma justificativa para as críticas de Lula.
O presidente tentou demostrar que empreendeu esforços para a compra de vacinas, sem explicar por que não fechou contrato ano passado com Pfizer para aquisição de 70 milhões de doses de vacina. Disse que a mãe já se vacinou, mas não explicou a resistência dele próprio em se vacinar.
Diante da cobrança pública de Lula, Bolsonaro foi obrigado a admitir mais uma vez a defesa de uso de medicamentos sem comprovação científica para o tratamento da Covid, como a hidroxicloroquina.
Ao defender o que chama de atendimento precoce, o presidente emendou e defendeu que médicos adotem o tratamento com remédios e disse que praticamente todos os servidores do Planalto que pegaram coronavírus usaram esses medicamentos sem precisar de internação hospitalar.
Mas não citou que o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, internado com o quadro clínico agravado quando contraiu Covid.