Ônibus cai de viaduto em Minas e deixa mortos
A cuidadora de idosos Eliane Cavalcante Guerra, 55, estava no ônibus que fazia o trajeto de Mata Grande (AL) a São Paulo e caiu de um viaduto na BR-381, em João Monlevade (MG), na tarde de ontem. Ao menos 17 pessoas morreram e 26 ficaram feridas, muitas em estado grave.
Para ela, o motorista deveria ter seguido no ônibus para tentar controlá-lo, em vez de deixar o veículo. “Qual era a dele? Ter controlado o carro, mas ele soltou e pulou. Aí o ônibus saiu descendo e caiu na ponte”, afirma, em entrevista ao UOL. Eliane disse que percebeu quando o motorista fugiu, logo após deixar o ônibus e ver o veículo se acidentar.
Segundo o seu relato, ela conseguiu pular do ônibus ao perceber que ele estava sem controle, instantes antes da queda de uma altura aproximada de 23 metros, segundo a medição feita pelos peritos, no viaduto conhecido como Ponte Torta.
“O motorista estava em alta velocidade e, de repente, ele diminuiu a velocidade e começou a desviar dos outros veículos. Vi que ele entrou na contramão desviando dos carros. Antes de chegar na ponte, ele bateu no retrovisor de um caminhão, e isso amorteceu um pouco a velocidade. Mas quando chegou ao meio da ponte, ele diminuiu a velocidade. Eu abri a porta e pulei. Antes da queda pularam umas oito pessoas, eu fui a segunda a pular.”
A passageira conta ainda que o motorista não fez qualquer alerta aos passageiros até o momento em que ela deixou o veículo. “Ele não avisou nada, não ouvi pedir para ninguém pular.”
Eliane foi levada a um hospital em João Monlevade (MG), onde recebeu atendimento médico e foi liberada. “Só estou agora com dor no corpo. Quando pulei, caí sentada no asfalto, não tive ferimentos. O problema que tive foi só a pressão, que subiu”, diz. UOL
À noite, ela prestou depoimento na delegacia da cidade. O caso está sendo investigado pela Polícia Civil de Minas Gerais. O motorista, que não teve o nome revelado, está sendo procurado.
Mapa mostra local de onde ônibus caiu de viaduto no interior de Minas
Imagem: Reprodução/Google Arte/UOL
Viagem para visitar família
Eliane estava em Mata Grande desde o dia 2 de novembro e comprou passagem para voltar ontem a São Paulo, onde mora e trabalha. Na cidade sertaneja em Alagoas ela tem familiares.
Segundo a cuidadora de idosos, a empresa dona do ônibus é de propriedade de um morador conhecido na comunidade Santa Cruz do Deserto, onde ela embarcou às 11h de ontem.
“Eu já tinha viajado muito com a empresa, faz 11 anos que faço esse trajeto com eles. Esse motorista eu nunca tinha visto. Mas o dono da empresa é uma ótima pessoa, é muito responsável”, relata.
Na opinião da passageira, o ônibus aparentava estar em bom estado de conservação. “Estava todo mundo sentado, tinha cinto de segurança, ar condicionado. O ônibus era bom. Eu acho que faltou freio. Se o motorista tivesse tentado controlar, amortecido um pouco a velocidade, tinha chegado até o final da ponte e o ônibus parava.”
Logo depois de pular, ela lembra ter visto o ônibus em chamas. “Não cheguei a ver de perto, fiquei muito em pânico”, diz.
A passageira relatou ainda que as autoridades em Minas Gerias estão dando todo o suporte e que a empresa está enviando representante para apoiar as vítimas e parentes dos mortos. “Eu só quero agora ir para minha casa”, finaliza.
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