Ao ultrapassar o número de mais de 250 mil pessoas diagnosticadas com covid-19, o Brasil se tornou hoje o terceiro país com maior número de contaminados pela doença causada pelo novo coronavírus segundo a plataforma da Universidade Johns Hopkins. São 254.220 casos oficiais, 13.140 dos quais confirmados entre ontem e hoje pelo Ministério da Saúde.
De acordo com o boletim mais recente do Ministério da Saúde, foram registrados 16.792 óbitos, sendo 674 nas últimas 24 horas.
Ao atingir o novo patamar, o país passa a ter mais contaminados que o Reino Unido, que confirma 247.706 casos segundo a plataforma da Universidade Johns Hopkins. O país, contudo, registra quase o dobro de morte: 34.876.
Ainda segundo o ministério, 2.277 óbitos suspeitos ainda estão em investigação e 136.969 casos seguem em acompanhamento. Cerca de 100.459 pacientes já se recuperaram da doença.
De acordo com os números da universidade americana, que apresenta defasagem em relação aos números divulgados hoje pelo governo brasileiro, o país está atrás apenas dos Estados Unidos (com 1.504.386 casos) e a Rússia (290.678).UOL
A pandemia nos estados
São Paulo continua a ser o estado com maior quantidade de notificações (63.066 casos e 4.823 óbitos). Já o Rio de Janeiro passou o Ceará e voltou a ser o segundo estado mais notificado do país, com 26.665 diagnósticos e 2.852 mortes — foram mais de 4 mil casos confirmados nas últimas 24 horas.
O Rio de Janeiro liberou resultados de exames antigos e, por isso, nas últimas 24 horas foi o estado brasileiro que mais registrou novos casos (4.427, um recorde nesta pandemia) e mortes oficiais (137).
O crescimento abrupto se dá porque a capacidade de testagem do Laboratório Central Noel Nutels (Lacen) e de laboratórios parceiros dobrou em relação ao início da pandemia, agora podendo analisar até 1.800 amostras por dia. Com mais exames, mais casos foram registrados, o que fez o número oficial crescer 20% de ontem para hoje e chegar a 26.665.
Ainda há 941 óbitos para investigação, fila que deve ser zerada nos próximos dias, segundo a Secretária Estadual de Saúde. Isso implica que, ao longo da semana, o número de mortes no estado deve seguir aumentando.
Países mais afetados subestimaram pandemia
Líder na lista mundial de países mais afetados pela doença, os Estados Unidos reportaram seu primeiro caso já em janeiro, mas passaram por um longo período de subnotificação.
O motivo era o custo dos testes e do tratamento para a covid-19 dentro do sistema de saúde americano. O país não tem um sistema público e universal de saúde e, por isso, os americanos preferiam não procurar o médico a não ser em casos extremos de infecção.
Além disso, o presidente americano, Donald Trump, menosprezou a doença no começo, chamando de “gripe comum” e acusava — o que ainda faz esporadicamente — de ser a covid-19 um plano chinês para derrubar a economia americana.
A partir de fevereiro os números do país explodiram, principalmente o de mortos e logo os Estados Unidos substituíram China e Itália como epicentro da pandemia. Em um único dia, os Estados Unidos chegaram a registrar mais de 9 mil mortes, segundo relatório da OMS. O recorde ocorreu em 30 de abril.
A Rússia também passou por um grande período de subnotificação. A proximidade geográfica com a China deixou o país desde o princípio sujeito à infecção. Porém, os primeiros casos só foram reportados em março e as primeiras mortes, no fim deste mês.
Apesar de ser o segundo em casos, tendo registrado 12 mil em um único dia, o número de mortes é baixo, menos de 3 mil. O país diz que conseguiu “deter o crescimento” da doença”.
O primeiro-ministro do Reino Unido, por sua vez, também subestimou a possibilidade de a pandemia colapsar seu sistema de saúde, considerado o melhor do mundo. Mesmo com o número de casos em franca expansão, Boris Johnson só abandonou a retórica quando foi ele mesmo diagnosticado com a covid-19 e passou a investir no sistema público do país, ao qual diz ser grato.
Embora ainda não esteja na fase de desaceleração, como outros países da Europa, o Reino Unido também começou o relaxamento de suas medidas. Segundo a OMS, o país chegou a registrar, no dia 30 de abril, mais de 4 mil mortes em um único dia.
Notificações não refletem as últimas 24h
Os diagnósticos e óbitos confirmados nas últimas 24 horas não necessariamente ocorreram no último dia. Segundo o Ministério da Saúde, a fila de testes faz com que as mortes sejam registradas até dois meses após terem ocorrido.
De acordo com o boletim de hoje, apesar de ter registrado 674 mortes de ontem para hoje, foram 188 as mortes que ocorreram nos últimos três dias.
O UOL já identificou atrasos de até 51 dias para a oficialização de mortes. Por conta dessa atualização retroativa, no início da pandemia o número real de mortes ocorridas até uma certa data chegava a ser o dobro da divulgada pelo Ministério da Saúde.
* Colaborou Carolina Maris, do UOL, em São Paulo
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