Blog do Jorge Amorim

Mandetta anuncia em rede social que foi demitido por Bolsonaro do Ministério da Saúde

O ministro da Saúde, Henrique Mandetta, durante entrevista na última sexta-feira (3) — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

O ministro da Saúde, Henrique Mandetta, durante entrevista na última sexta-feira (3) — Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Em meio à pandemia do novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro demitiu nesta quinta-feira (16) o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. A informação foi divulgada pelo próprio ministro em uma rede social.
“Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde. Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar”, escreveu Mandetta.
“Agradeço a toda a equipe que esteve comigo no MS e desejo êxito ao meu sucessor no cargo de ministro da Saúde. Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o nosso país”, prosseguiu.
Após as mensagens, Mandetta afirmou à jornalista da GloboNews e do G1 Andréia Sadi que o substituto dele no cargo será o oncologista Nelson Teich (veja detalhes abaixo).
Por volta das 17h30, logo após o fim dos pronunciamentos, a exoneração de Mandetta foi publicada em uma edição extra do “Diário Oficial da União”. A nomeação de Nelson Luiz Sperle Teich foi oficializada no mesmo documento. G1

Henrique Mandetta

@lhmandetta

Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde.
Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e

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Henrique Mandetta

@lhmandetta

Acabo de ouvir do presidente Jair Bolsonaro o aviso da minha demissão do Ministério da Saúde.
Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e

Henrique Mandetta

@lhmandetta

de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar.

Agradeço a toda a equipe que esteve comigo no MS e desejo êxito ao meu sucessor no cargo de ministro da Saúde. Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o nosso país.

Ex-deputado federal, Mandetta estava à frente da pasta desde o início do governo, em janeiro de 2019, e ganhou maior visibilidade com a crise provocada pelo novo coronavírus. Na tarde desta quinta, Mandetta foi chamado ao Planalto para uma última reunião com Jair Bolsonaro.

Nas últimas semanas, contudo, Bolsonaro e Mandetta tiveram divergências públicas em razão das estratégias para conter a velocidade do contágio da Covid-19, doença provocada pelo vírus.

Em entrevista ao Fantástico, no domingo (12), Mandetta disse que a população não sabe “se escuta o presidente ou o ministro” da Saúde em relação a medidas.

Em coletiva nesta quarta (15), no Palácio do Planalto, o então ministro da Saúde disse que era claro o “descompasso” entre a pasta e as orientações do presidente Jair Bolsonaro. Segundo Mandetta, pessoas cotadas para a sucessão no cargo chegaram a ligar para ele em busca de aconselhamento.

Na entrevista, o ministro também disse que a equipe montada por ele e empossada em 2019 trabalharia em conjunto, e ajudaria na transição para evitar uma ruptura na política contra a Covid-19.

O último dia

Na manhã desta quinta, Mandetta participou de um seminário virtual sobre o enfrentamento ao coronavírus. Durante o papo, afirmou que a perspectiva era de que a mudança no comando do ministério acontecesse “hoje, no mais tardar amanhã”.

No mesmo horário, o presidente Jair Bolsonaro recebia Nelson Teich no Palácio do Planalto. O médico, que atua em São Paulo, desembarcou em Brasília como o principal cotado para assumir o Ministério da Saúde.

Em artigo recente sobre a pandemia, Teich se mostrou a favor do isolamento horizontal, como Mandetta. Ele também afirmou, também em texto nas redes sociais que o enfrentamento da crise não pode levar em conta apenas fatores econômicos ou apenas fatores sanitários.

Discordâncias

O presidente defende o que chama de “isolamento vertical”, ou seja, isolar somente idosos e pessoas com doenças graves, que estão no grupo de risco. Bolsonaro repete que o isolamento amplo, com suspensão de atividades, traz prejuízos à economia que ele considera até mais graves do que as mortes provocadas pelo coronavírus.

Mandetta reforçou nas últimas semanas a necessidade de isolamento para toda a população e reafirmou que as recomendações e determinações do Ministério da Saúde seguem parâmetros científicos e da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Em três ocasiões diferentes, Bolsonaro saiu por ruas de Brasília e cumprimentou apoiadores, mantendo contato físico e descumprindo as orientações dadas por Mandetta e pelas autoridades internacionais de saúde.

A discussão sobre as medidas de restrição, com suspensão de atividades comerciais e aulas, por exemplo, gerou embate do presidente não só com Mandetta, mas também com governadores – em especial com o de São Paulo, João Doria (PSDB), e o do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC).

Bolsonaro e Mandetta também discordaram sobre um remédio usado para tratamento de malária como alternativa para o coronavírus, a cloroquina (escute o podcast O assunto sobre o tema ao final da reportagem). Bolsonaro é entusiasta do remédio para tratar a Covid-19. Mandetta alerta para a falta de estudos científicos sobre o tema


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