Para conseguir viajar, o ex-presidente precisou adiar um depoimento na Justiça Federal de Brasília
Lula postou duas fotos da reunião em seu perfil no Twitter. Em uma delas, ele recebe uma bênção do pontífice. “Encontro com o papa Francisco para conversar sobre um mundo mais justo e fraterno”, escreveu o ex-presidente.
A reunião ocorre um dia depois de o papa publicar o texto final do Sínodo da Amazônia que fala da “responsabilidade de governos nacionais” e da “louvável” atuação de ONGs internacionais na “preservação do meio ambiente e recursos naturais” da floresta. Com o título de “Querida Amazônia”, o documento diz que o bioma enfrenta um “desastre ecológico” e faz um apelo para que se ouça tanto o “clamor da terra como dos pobres”. “Os interesses colonizadores que, legal e ilegalmente, fizeram – e fazem – aumentar o corte de madeira e a indústria minerária e que foram expulsando e encurralando os povos indígenas, ribeirinhos e afrodescendentes, provocam um clamor que brada ao céu”, escreveu o religioso.
No texto, o papa também descartou a possibilidade de ordenar homens casados como padres na Amazônia. A proposta havia sido aprovada por 128 votos contra 41 no sínodo sobre a floresta como resposta à escassez de sacerdotes na região, mas precisava do aval do pontífice. Veja
O encontro foi intermediado pelo presidente da Argentina, Alberto Fernández, que havia se reunido com o líder da Igreja Católica no fim de janeiro. Desde que saiu da prisão em novembro de 2019, o ex-presidente vinha manifestando a conhecidos o interesse de visitar o papa. Em março daquele ano, enquanto cumpria pena pela primeira condenação na Operação Lava Jato, o ex-presidente escreveu uma carta ao argentino, que foi respondida dois meses depois.
“Lula quer agradecê-lo pela carta que ele enviou de maneira muito carinhosa”, disse o ex-ministro Gilberto Carvalho, amigo de Lula e hoje o maior interlocutor do partido com as lideranças religiosas . Segundo ele, o tema da conversa seria a questão ambiental, a fome e a desigualdade social no mundo.
A foto do encontro entre os dois foi feita pelo fotógrafo oficial de Lula, Ricardo Stuckert, que o acompanha desde o tempo em que ele era presidente. Stuckert também foi o diretor de fotografia do documentário Democracia em Vertigem, indicado ao Oscar.