O ministro Gustavo Bebianno Rocha, da Secretaria-Geral da Presidência, disparou contra o presidente Jair Messias Bolsonaro. A interlocutores, o ministro, prestes a ser exonerado nesta segunda-feira (18), afirmou que Bolsonaro é “uma pessoa louca” e “um perigo para o Brasil”. As informações são do colunista Lauro Jardim, do Jornal O Globo. O contexto da frase, segundo Lauro Jardim, é uma conversa na qual Bebianno afirma que a culpa de sua iminente exoneração não é somente do vereador Carlos Bolsonaro (PSL). Nesta semana, o filho do presidente chamou o ministro de “mentiroso” ao afirmar que Bebianno não teria conversado com o presidente sobre o episódio das candidaturas laranjas do PSL.
“O problema não é o pimpolho. O Jair é o problema. Ele usa o Carlos como instrumento. É assustador. (…) Perdi a confiança no Jair. Tenho vergonha de ter acreditado nele. É uma pessoa louca, um perigo para o Brasil”, confessou Bebianno a um interlocutor, segundo Jardim.
Bebianno negou veementemente ter feito a afirmação sobre o presidente, segundo a colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de São Paulo. “Nunca falei nada parecido sobre o presidente. (…) Estou triste pela situação, mas não chamei ele de louco nem nada”, afirmou o ministro, segundo a colunista.
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Aos jornalistas, Bebianno afirmou, neste sábado (16), que “a tendência é essa, exoneração”. Bebianno tornou-se o centro de uma crise instalada no Palácio do Planalto depois que o jornal Folha de São Paulo revelou a existência de um esquema de candidaturas laranjas do PSL, partido presidido pelo ministro entre janeiro e outubro de 2018.
Sem citar Bolsonaro, Bebianno publicou, na madrugada do mesmo dia, uma mensagem em rede social dizendo que “a lealdade é um gesto bonito das boas amizades”. “Uma pessoa leal sempre será leal. Já o desleal, coitado, viverá sempre esperando o mundo desabar na sua cabeça”, diz trecho da íntegra da mensagem, atribuída por ele ao escritor brasileiro Edgard Abbehusen.
A CRISE
A temperatura da crise subiu na quarta-feira (13), quando Carlos, o filho que cuida da estratégia digital do presidente, postou no Twitter que o então ministro havia mentido ao jornal O Globo ao dizer que conversara com Bolsonaro três vezes na véspera, negando a turbulência política.
Mais tarde, no mesmo dia, Carlos divulgou um áudio no qual o presidente da República se recusa a conversar com Bebianno.
Bolsonaro, que seguia para Brasília depois de passar 17 dias internado em São Paulo após cirurgia para reconstruir o trânsito intestinal, endossou a atitude do filho -e o fez publicamente, repostando a acusação de Carlos e dizendo em entrevista à TV Record que não havia conversado com o ministro.
Na mesma entrevista à Record, o presidente disse ter determinado a abertura de inquérito da Polícia Federal sobre o esquema de candidaturas laranjas de seu partido e que, se Bebianno estivesse envolvido, “o destino não pode ser outro a não ser voltar às suas origens”, ou seja, deixar o governo.
A gota-d’água para a demissão, segundo integrantes do Planalto, foi o vazamento de diálogos privados entre Bolsonaro e Bebianno, exclusivos da Presidência, ao site O Antagonista e à revista Veja.