Ele foi a pé para evitar novo impedimento, entrou em outro carro que estava fora do sindicato e foi em comboio da polícia. Teve muito empurra-empurra para barrar sua saída do ex-presidente. Houve gritos para que ele não se entregasse. Ainda não há informações sobre o destino para onde ele está se dirigindo.
Líder da equipe de defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o advogado Cristiano Zanin Martins acompanhou o petista na saída do sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo (SP), e virá com ele a Curitiba. O petista não havia atendido à oportunidade oferecida pelo magistrado de comparecer de forma voluntária à Polícia Federal, em Curitiba, até 17h (de Brasília) da última sexta. UOL
Ele quis antes participar de uma missa em homenagem à ex-primeira-dama Marisa Letícia, que faria aniversário de 68 anos nesta data, e depois almoçou com familiares.
Moro decretou a prisão de Lula para iniciar a execução da pena de 12 anos e um mês, imposta pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), pelo caso do tríplex do Guarujá (SP). No despacho, houve a ordem do magistrado para que o ex-presidente não fosse algemado e que fosse disponibilizada a ele uma sala em condições especiais na capital paranaense.
Na sexta-feira, após uma tentativa sem sucesso no STJ (Superior Tribunal de Justiça), os advogados do petista recorreram ao STF (Supremo Tribunal Federal) para tentar derrubar a ordem de prisão. O ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo, também rejeitou o recurso.
Lula estava desde quinta no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), recebendo apoio de militantes, apoiadores e políticos do PT e de partidos de esquerda. Milhares de pessoas ficaram em frente ao local para apoiá-lo e criticar o pedido de prisão de Moro.
O ex-presidente e seus advogados negociaram e discutiram durante a sexta-feira a forma de se apresentar à PF. Nas conversas, Lula decidiu que se entregaria apenas depois da missa póstuma. Marisa morreu em fevereiro de 2017.
Lula deverá ser levado para Curitiba e começará a cumprir a pena na sede da PF, enquanto aguarda a possibilidade de um habeas corpus ou de um possível novo entendimento do STF para a prisão após condenação em segunda instância.
Entenda o caso
Em julho de 2016, o juiz federal Sergio Moro condenou o presidente Lula a nove anos e seis meses prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex do Guarujá (SP), mas o ex-presidente pôde recorrer em liberdade.
Em janeiro, os três desembargadores da 8ª Turma do TRF-4 analisaram o processo e decidiram ampliar a pena para 12 anos e um mês de prisão em regime fechado.
Com o entendimento do STF desde 2016 de que uma sentença penal já pode ser cumprida após a condenação em segunda instância, o ex-presidente buscou um habeas corpus no STJ, mas teve os pedidos negados. Posteriormente, os seus advogados pediram um habeas corpus no STF, mas Lula acabou derrotado por 6 a 5 em uma sessão tensa na última quarta-feira (4).
Lula ainda aguardava na quinta um recurso dos embargos no TRF-4 ou uma reviravolta sobre o entendimento do STF sobre a segunda instância quando foi surpreendido pela decisão de Moro de decretar a prisão e o início do cumprimento da pena em regime fechado, em Curitiba.