Família postou o vídeo nas redes sociais que mostra a criança colocando o aparelho de volta após um conserto.
“Quando vi que viralizou me senti um pai muito feliz. Eu estava tão nervoso, na reação de ver ele escutar. Até a gente não sabia qual seria a reação dele, não esperava o quanto ele ficaria emocionado. Foi muito natural, muito verdadeiro. Desmonta qualquer pai”.
Luiz Gustavo Martins da Silva e o pai, Juliano Martins, são de Bueno Brandão, no Sul de Minas Gerais. Luiz Gustavo nasceu com deficiência auditiva. Aos 3 anos, recebeu o implante e começou a ouvir com a ajuda de um aparelho auditivo, que funcionou normalmente por anos. Mas há pouco mais de um mês o aparelho quebrou, já fora da garantia do Sistema Único de Saúde (SUS), que não cobre a manutenção após três anos.
“Entre o aparelho parado e o conserto, foram uns 15 dias. Mas pra ele e pra nós é como se fosse uma eternidade. Ele está acostumado a escutar, acostumado a gente todo dia a falar com ele, a conversar. Não queria ir pra escola. O que ele mais gosta é musica, ele chega no carro e quer ligar música, chega em casa quer ouvir. O aparelho parou e ele não queria fazer mais nada”, conta o pai.
A ideia de uma vizinha foi fazer uma rifa para ajudar no conserto. A história comoveu a pequena cidade de pouco mais de 11 mil habitantes. “A cidade é pequena, então cativou todo mundo. A gente fez essa rifa com tudo mundo ajudando. Até amigos meus que estudaram comigo na época da escola me ligaram, pediam o número da minha conta e doaram todo tipo de valor”.
O valor para conserto era de mais de R$ 7,6 mil. Sem condições, os pais viram o filho ficar mais de 15 dias sem ouvir e fora das suas atividades do dia a dia.
A rifa ainda não terminou, mas o valor arrecadado já foi mais que o suficiente para bancar o conserto do aparelho. O vídeo foi gravado, segundo o pai, apenas para mostrar aos amigos na rede social.
A comoção na internet surpreendeu a família. “A exibição do vídeo não era pra ter essa repercussão, era só pra mostrar às pessoas que compraram a rifa que deu o resultado. Foi feito só pra isso”. G1/MG
Juliano conta que no primeiro ano da vida de Luiz Gustavo, os pais não perceberem a deficiência. Quando a filha mais nova completou seis meses, notaram que o filho não reagia aos chamados.
“A gente chamava os dois, ela respondia e ele não. A gente foi percebendo o problema. Fomos a três otorrinos, todos falaram que ele não tinha nada, ficamos aliviados. Mesmo assim percebemos que ele não escutava. Fomos em mais um médico e descobrimos que ele tinha deficiência auditiva. Ele não escuta nada sem o aparelho”.
Com a ajuda de um médico da família, o doutor Arthur Castilho, a criança conseguiu a cirurgia na Unicamp, em Campinas (SP), nos primeiros anos de vida. Com a união do implante com o aparelho, ele teve uma infância normal.
Agora, a família batalha por uma cirurgia bilateral, para garantir a audição dos dois lados. “Isso ajudaria muito a evoluir a fala dele. No último orçamento, há sete anos, ficaria em torno de R$ 70 mil”. A esperança, mais uma vez, é a ajuda de amigos.