Blog do Jorge Amorim

“Grosseira manipulação”: ex-editor do JN critica cobertura do caso Dilma / Odebrecht

A GloboNews acaba de botar no ar longo trecho de depoimento de Marcelo Odebrecht em que ele cita Dilma. Uma história sobre corrupção na Petrobras, com flagrante tom de fofoca.

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A emissora vende a notícia como se fosse uma denúncia de envolvimento da ex-presidenta.

Mas o vídeo demonstra exatamente o oposto: Dilma não sabia do caso de suborno abordado no interrogatório e, quando soube, cobrou responsabilidades dos supostos envolvidos. Marcelo chega a relatas que o então ministro Edison Lobão contou a ele que foi duramente interpelado por Dilma, depois deste encontro. E diz que Dilma surpreendeu-se, inclusive, ao ser informada por ele que gente do PT também poderia estar recebendo propina. Marcelo ressalta que esta foi a única vez em que tratou este tipo de assunto com Dilma.

Posteriormente, depois desta suposta conversa, Dilma afastou vários executivos da Petrobras, justamente por ter passado a suspeitar da idoneidade deles.

Mas a imprensa transforma a declaração do delator no seu exato oposto.

Interpreta como sinal de culpa o que na verdade é uma indicação de lisura.

Os comentaristas da Globo News fazem este jogo.

Invertem o sentido da declaração do delator.

AS TVs e os jornais impressos de amanhã farão o mesmo.

Cinco minutos depois de ter ido ao ar, o trecho é repetido, introduzido pela chamada: “Neste trecho do depoimento Marcelo Odebrecht cita a ex-presidente Dilma”.

Esta farsa será repetida à exaustão, até que ganhe ares de verdade.

Em tempo: há minutos, a âncora da Globo News entendeu que precisava incitar ainda mais os dois comentaristas: “Marcelo revelou que Lula e Dilma sabiam do A-P-O-I-O que a Odebrecht deu às campanhas do PT”.

Como não saberiam? A Odebrecht apoia as campanhas de praticamente todos os partidos desde sempre.

No depoimento exibido, Marcelo não diz em nenhum momento que Lula e Dilma conheciam alguma irregularidade nas doações. E acrescenta que sempre patrocinou as candidaturas de Aécio e que o senador tucano nem precisava pressionar porque receberia o que fosse necessário a qualquer momento. Bastava ligar ou mandar algum preposto ligar.

Publicação do Facebook de Mario Marona, ex editor do JN.*


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