Não somos apenas meia-dúzia, nem, tão pouco, somos “pirralhos” que não conhecem a educação. Somos mais, muito mais que isso. Somos os excluídos, os marginalizados, somos os que arduamente lutaram e lutam pela sobrevivência. Somos membros da classe trabalhadora, membros da elite intelectual e continuaremos lutando contra o sistema criminoso que gera o desconforto social a grande maioria da população.
Exercendo nossa garantia constitucional de liberdade de expressão, embora essa nos tenha sido negada pelas instituições governamentais e não governamentais, e, demonstrando nossa firmeza e convicção no tocante a nossa causa, manifestamo-nos ante o conjunto de arbitrariedades, irresponsabilidades, exclusões e injustiças sociais que nossa classe vêm sofrendo ao longo dos anos.
Manifestamos, em primeira instância, nossa contraposição à maneira mesquinha, centralizadora, irresponsável e atrelada aos interesses esterilizantes do imperial-capitalismo que nossa educação vem sendo conduzida nos últimos anos.
Num segundo momento, manifestamos nosso desapontamento em relação à conduta ético-política praticada pelos dirigentes sindicais ao longo da história do SIMPROBAC – órgão representativo que se ocupa, unicamente, das campanhas salariais e embates jurídicos com a administração pública municipal, sem contestar as raízes da exploração do trabalho que aprisionam e oprimem a classe trabalhadora.
Assinalamos a ineficiência da referida entidade no cumprimento de seu papel social, inclusive, inexpressivo nos últimos anos. Insignificantes – ou inexistentes – iniciativas foram tomadas pelo Sindicato dos Professores no tocante a eventuais mudanças nas estruturas constitutivas da educação que pudessem favorecer o conjunto dos envolvidos no processo educacional: educadores, educandos, pais, funcionários e etc. Comissão representativa deste Movimento.
Contrapomo-nos ao distanciamento/separação, elaborado e estabelecido pelas sucessivas administrações do executivo municipal, entre escola e sociedade – que contou com a conivência do Sindicato dos Professores. Eximindo-se de sua responsabilidade social, o sistema educacional promoveu – e ainda promove -, literalmente, tal separação, chegando por vezes a construir muros que a simbolizam e a efetivam. Com essa tendência que fora iniciada na zona urbana e, gradualmente, alastrada para o campo, enrijeceram-se as estruturas da educação, tornando-a um pesado fardo para educadores e educandos. Os primeiros, por perceberem que seus esforços não conseguem concorrer com as falhas do sistema educacional, o que gera frustração e desgaste. Os segundos, por estarem inseridos em um modelo de educação que não atende aos preceitos democráticos e que não respeita suas individualidades, engessando o aprendizado e impedindo a construção do conhecimento, como demonstrado pelos dados estatísticos que apontam para a crescente diminuição das taxas de matrícula e a ampla evasão escolar.
É evidente que essa tendência histórica da educação transcende os limites territoriais de Barra do Choça e alcance parâmetros nacionais e, mesmo, Ocidentais, tornando-se um dos problemas provocados e/ou acentuados pelo capital-imperialismo. O resultado desse gradual transcurso foi a criação da dívida histórico-social com a classe trabalhadora gerando, no tocante a educação, a necessidade de encontrarmos alternativas educacionais inovadoras que superem os entraves causados pelo sistema e, concomitantemente, façam frente à lógica do capital.
Não propomos, sobremaneira, uma revolução na educação que menospreze os avanços graduais obtidos através dos esforços implementados por diversos educadores – comprometidos com melhorias na relação ensino-aprendizagem e com a construção do conhecimento. Outrora, assinalamos a necessidade de uma revisão nos métodos e no próprio encadeamento do sistema educacional que promovam reformas capazes de atender a realidade do século XXI.
Enquanto esse debate não for levado adiante, teremos uma educação engessada cujos entraves não afetarão apenas os processos de construção do conhecimento, mas, principalmente, a condição da classe trabalhadora da educação, provocando situações desconfortáveis com a qual nos deparamos atualmente: a crescente mão-de-obra que não encontra trabalho disponível; o conflito dentro da classe, pois seus membros lutam pelas vagas de emprego restantes (exigindo concursos eliminatórios ou refutando-os); e, tentativa de agravar esse conflito interno, por parte do Sindicato.
Em suma, estamos criando exatamente o que o Capital deseja: a mão-de-obra barata e abundante que é ameaçada por um exército de reserva (os professores que não estão em atividades docentes). Além do mais, assinalamos para o descaso das autoridades públicas em relação a essa problemática, simplesmente, ignorando o problema, desprezando uma discussão justa e madura com a classe trabalhadora e exercendo seus papéis de tecnocratas a frente do governo – que defende os interesses da burguesia.
Apesar dos significativos avanços nas condições de trabalho promovidas pela luta sindical em relação às décadas anteriores, a classe trabalhadora, mais precisamente os professores, continua oprimida e sedenta por melhorias em suas condições de vida. E esse ciclo não irá se findar enquanto o(s) sindicato(s) continuarem esbarrando no erro de se aliarem aos interesses do capital.
Dessa forma, alertamos o Sindicato dos Professores, amigo íntimo do Capital Financeiro, que exigir a melhoria das condições da classe e estar em consonância com os preceitos capitalistas de exploração do trabalho, sem qualquer contestação, é uma contradição e uma conivência as raízes geradoras do problema.
Alertamos nossos amigos e companheiros professores, que ainda não entenderam os objetivos reais do movimento: somos integrantes da mesma classe social e devemos estar unidos no combate aqueles que só pensam em conformidade com a ideologia dominante.
Alertamos, em última instância, os governantes da esfera municipal desse Estado democrático burguês: superem a burocratização do sistema e realizem as reformas necessárias, respeitando as vozes que partem das classes excluídas e marginalizadas historicamente. Caso contrário, fracassarão como seus antecessores.
Frisamos a necessidade emergencial de realização de um Concurso Público para professores e demais profissionais. Mas, não apenas isso…
Unamo-nos! Por uma educação mais democrática que permita a participação efetiva de todos os envolvidos! Pela construção do conhecimento…! Unamo-nos para retirarmos as amarras que impedem os educadores de alcançarem sua plenitude enquanto classe social, responsável por ocupar o status de elite intelectual…! Em suma, rediscutamos a estruturas educacionais a que nos sujeitamos.
Não somos apenas meia-dúzia, nem, tão pouco, somos “pirralhos” que não conhecem a educação. Somos mais, muito mais que isso. Somos os excluídos, os marginalizados, somos os que arduamente lutaram e lutam pela sobrevivência. Somos membros da classe trabalhadora, membros da elite intelectual e continuaremos lutando contra o sistema criminoso que gera o desconforto social a grande maioria da população.
Comissão representativa deste Movimento.