Blog do Jorge Amorim

Justiça concede prisão domiciliar a detentos do semiaberto após massacre em RR

De acordo com a Sejuc, 161 presos ficarão uma semana em casa. A decisão judicial foi divulgada neste domingo, 08 de janeiro, pela OAB em Roraima. Agente informou neste domingo (8) que presos já haviam sido liberados

Agente informou neste domingo (8) que presos já haviam sido liberados (Foto: Marcelo Marques/G1 RR)

A Justiça concedeu prisão domiciliar a todos presos do regime semiaberto do Centro de Progressão Penitenciária em Boa Vista. A decisão foi tomada após o massacre na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, que deixou 33 presos mortos, e é  válida para os 161 detentos da unidade, segundo a Secretaria de Justiça e Cidadania.

O G1 esteve no CPP por volta das 17h40 (19h40 de Brasília) deste domingo (8) e um agente penitenciário de plantão na unidade informou que os presos já tinham sido liberados e  devem retornar apenas na sexta-feira (13).

Os detentos devem ficar em casa entre os dias 7 a 13 de janeiro e obedecer a condições impostas pela decisão, como se recolher à residência às 20h. A liminar, em caráter emergencial, foi assinada no sábado (7) pelo juiz substituto da Vara de Execução Penal, Marcelo Oliveira, e a juíza plantonista Suelen Alves.

O pedido foi feito pela Comissão de Direitos Humanos Ordem do Advogados do Brasil em Roraima e teve como base um documento do diretor do CPP, Wlisses Freitas, o qual descreve a “impossibilidade de garantir a segurança dos presos e dos servidores que trabalham no CPP”. O documento também foi assinado por 23 detentos, que denunciaram serem ameaçados de morte constantemente. G1ESTE.09

 

MORTES EM RORAIMA
Mais de 30 foram mortos em presídio

“Tendo em vista o massacre do último dia 6 na Pamc e das constantes fugas de internos, os denunciantes relatam que estão sofrendo ameaças de morte diariamente. As ameaças são externas e de facções do crime organizado(…). A estrutura física do CPP não oferece a mínima segurança para os reeducandos e agentes carcerários. O plantão do CPP é composto 4 quatro agentes, na maioria da vezes dois homens e duas mulheres, impossibilitando assim qualquer reação de investidas externas”, descreve  um trecho do documento.

No documento também há o relato de assassinatos de pelo menos três reeducandos na saída do CPP, fatos que seriam supostamente ligados às ameaças sofridas pelos denunciantes, que admitem se sentir vulneráveis e alvos em potencial por conta das guerras entre facções, diz a decisão.

Cumprem pena no CPP os presos que passam o dia trabalhando e voltam para dormir na unidade. “Agora irão dormir em casa durante esse período”, diz a OAB.

‘Zelo pela integridade física’
Os juízes ressaltam que  “o estado tem o dever de zelar pela integridade física e moral de qualquer pessoa sob sua custódia, notadamente aqueles recolhidos em unidades prisionais estatais” e salienta o fato do próprio diretor da unidade admitir não ter como garantir essa segurança.

“Ora, se a própria unidade prisional destaca de forma veemente que não tem como resguardar a segurança dos reeducandos dos agentes penitenciários, não é possível fechar os olhos a tal realidade”, sustentam.

Os detentos também estão proibidos de frequentar bares e casas noturnas durante a domiciliar e não podem portar qualquer espécie de arma. Caso não cumpra as condições, o detento perderá o direito ao regime semiaberto, diz a decisão.

Superlotação de 84% em Roraima
Um levantamento do G1 apontou que a superlotação na unidade prisionais de Roraima é de 84,2% acima da capacidade. Na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, onde ocorreu o massacre, haviam mais de 1,4 mil presos até outubro, o que representa o dobro da capacidade.

O presídio é administrado pelo próprio estado e tem condições “péssimas”, segundo uma inspeção do Conselho Nacional de Justiça de setembro de 2016.

Massacre em presídio
Na madrugada de sexta-feira (6), 31 presos foram brutalmente assassinados na unidade que fica na BR-174, zona Rural da capital. Alguns foram decapitados e outros ‘destroçados’.

Os assassinatos ocorreram por volta das 2h30 de sexta-feira. Não houve rebelião e não foi registrado fuga. Em coletiva de imprensa, o secretário de Justiça e Cidadania Uziel Castro afirmou que os presos mortos não eram ligados a nenhuma facção criminosa.

Além do total mortos, outros dois corpos foram encontrados enterrados na Ala da Cozinha da maior unidade prisional do estado na tarde deste sábado (7). O secretário adjunto da Secretaria de Justiça e Cidadania Major Francisco Castro, acredita que os cadáveres possam ter relação com o massacre de sexta-feira.

 


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