Há um mês morando fora de casa, depois de ter o imóvel demolido, dona Valdete Almeida, de 84 anos, e o filho Deusdete Almeida, seguem sem receber nenhum tipo de assistência financeira do empresário que confessou ter mandado cometer o crime no município de Vitória da Conquista, região sudoeste da Bahia. Advogada da família entrou com uma ação judicial contra o homem na quarta-feira (28). Ela conversou com o G1 nesta quinta-feira (29).
“Como ela (Valdete) não recebeu nenhum tipo de auxílio dele (empresário), demos entrada com uma ação na Justiça pedindo a indenização para a reconstrução da casa”, explicou a advogada Cristiane Gobira. O caso foi registrado na Polícia Civil e o empresário foi indiciado por dano qualificado. Ele responde ao inquérito em liberdade.
Ainda de acordo com Cristine, agora, dona Valdete precisa esperar que o juiz intervenha no caso. “Agora tem que aguardar a intervenção judicial, não tem um prazo estabelecido para isso”, disse a advogada. G1
A demolição aconteceu dia 30 de agosto. Em contato com o G1, a idosa falou sobre a angústia dos últimos 30 dias. “Não está nada bem, foi um mês muito difícil. Ele não demoliu só minha casa, demoliu minha história de vida, estava lá há mais de 40 anos”, desabafou.
Entre as dificuldades enfrentadas longe de casa, dona Valdete destaca a situação do filho, que sofre de problemas mentais, e não se adaptou à nova moradia. “Está agoniado. Lá na roça ele tem trabalho, aqui ele fica ansioso, não tem o que fazer, tem estado muito agitado”, disse.
A idosa está abrigada na casa de um sobrinho desde o dia que a casa foi demolida. Enquanto aguarda um desfecho do caso, dona Valdete convive com a saudade da antiga casa. “Sinto falta de tudo, das minhas plantas, os bichos, de minha paz”, revelou.
Caso
O empresário se apresentou à polícia, na Delegacia de Vitória da Conquista, e confessou ter mandado demolir a casa depois que Deusdete Almeida, filho da idosa Valdete Silva, quebrou uma vitrine de vidro do imóvel dele. A informação foi passado pelo delegado Nei Brito, titular de Vitória da Conquista.
De acordo com o delegado, a demolição ocorreu no momento em que Deusdete tinha ido à delegacia para prestar esclarecimentos sobre a acusação do empresário. Deusdete demorou cerca de uma hora e meia e, quando retornou, a casa já tinha sido destruída.
A família ficou desesperada após a demolição e, inicialmente, não sabia o motivo da ação e nem tinha suspeitas do autor do crime.
Com a demolição, apenas algumas paredes da casa ficaram de pé. Em meio aos escombros, ficaram os móveis e os objetos da família. O terreno onde ficava o imóvel, localizado na BA-262, tem três hectares e foi uma herança deixada pelo pai de Deusdete, que já morreu.