A primeira noite do Festival de Inverno 2016, nesta sexta-feira, 26 de agosto, foi marcada pelo romantismo de Djavan, pela vibração de Lulu Santos e sinergia com público de Nando Reis. Foram três ícones da música nacional que esquentaram o público que enfrentou sensação térmica de 10º C no Parque de Exposições Teopompo de Almeida, em Vitória da Conquista.
O primeiro a subir no palco foi Djavan. Pela emoção que provocou, poderia muito bem ter sido um Drummond, com sua “canção amiga”. Mas Drummond era funcionário público demais. Poderia ter sido um Mário de Andrade, um João Cabral de Melo Neto, poderia ter sido um Vinícius e suas eternas musas musicais. Mas não. O tempo foi outro, o palco foi outro, a vibe foi completamente outra. Mas não foi menos poesia. Foi com esse lirismo e elegância que Djavan subiu ao Palco Principal.
Estreante no FIB, Djavan surgiu sob os holofotes ao som de “Se não vira Jazz”, do CD Vida para Contar, abrindo a primeira estrofe da noite de festa. O artista, que é conhecido pelas metáforas que tomam a beleza das cores do dia-a-dia para descrever um mundo sensível e poético, comoveu a plateia com o balanço e a delicadeza dos sucessos incontornáveis do seu repertório: “Flor de Lis”, “Lilás”, “Pétala”, “Açaí”, “Fato Consumado” e muitos outros hits.
Mesmo num dia frio, a primeira noite do festival não era um mesmo um bom lugar pra ler um livro, mas um ótimo lugar pra cantar e se encantar agarradinho. O eterno dândi da MPB provou mais uma vez que, na infinidade de talentos que povoam a música brasileira, seu lugar ainda é o de se manter como um farol de criação poética… eternizado lá no mar alto da paixão pela boa música.
Lulu Santos marcou presença em Conquista com um show forte, empolgante, cheio de grandes sucessos. Ele fez o frio sumir e a neblina evaporar ao som de “Assim Caminha a Humanidade”, “Sábado” e “Toda forma de Amor”. Só pra começo de conversa.
Nas palavras “eu não sei viver triste e sozinho”, trecho da música “Condição”, nenhuma verdade pareceu mais real: misturando energias esfuziantes com batidas super-ritmadas, dobradas em estilos musicais diferentes, Lulu emendou um grande sucesso atrás do outro, ora com uma pegada nordestina, ora na riqueza dos suingues cariocas, intercalados a meio passo do eletrônico. Um devaneio musical quase psicodélico, totalmente bem-vindo ao mais autêntico pop rock século XXI. Ninguém conseguiu ficar parado. Triste e sozinho pra que, né?
Enquanto isso, não nos custa insistir na questão central da sua apresentação: Lulu Santos, é para todos os melhores sentidos, um showman, um artista que agrega a arte do espetáculo musical a uma contribuição indispensável para que história do pop rock brasileiro ultrapasse suas origens e se mantenha viva no tempo e no espaço.
O cantor e compositor convidou o público para cantar junto o repertório baseado no seu show SEI, acompanhado da sua banda, “Os Infernais”. A apresentação colocou sob os holofotes os sucessos do álbum homônimo, como “O Que Eu Só Vejo Em Você”, “Declaração de Amor”, a faixa título “Sei”, além de grandes hits da carreira como “Os Cegos do Castelo” e “Sou Dela”, músicas capazes de esquentar as veias da plateia, fazendo todo mundo dançar.
E, claro, vai entrar para o rol dos momentos antológicos do festival a incrível execução da música “De Janeiro a Janeiro”, de Roberta Torres, cantada à capela por milhares de vozes, embalada por um Nando Reis cada vez mais maduro como artista mas, ainda assim, criativo e inquieto como nunca. Ninguém vai esquecer.
Todos os shows foram marcados por muito frio. Gorro, luvas, moletons, casacos e sobretudo. Para fugir do frio, o público que lotou a festa apostou em looks cheios de volume para amenizar os 10º C de sensação térmica registrados no município. Gshow