Imagine receber todos os meses cerca de R$ 9 mil (2500 francos) do governo sem ter que fazer absolutamente nada. Sem trabalho, sem esforço, sem precondições, apenas dinheiro. Essa é a proposta que está sendo levada a um plebiscito público neste domingo, 05 de junho, na Suíça.
A idéia não é nova – há 500 anos, o autor Thomas More defendeu a renda básica no livro Utopia, e projetos em escala regional foram testados em diversos países – mas a possibilidade de implementação incondicional, institucionalizada e em larga escala é inédita.
A Suíça passaria a ser a primeira sociedade a desfrutar da prosperidade gerada pelo “dividendo digital”, afirmam apoiadores do projeto. IG
A noção defendida por eles é de que a desassociação entre trabalho e renda será inevitável no futuro, pois cada vez mais a tecnologia está substituindo a atividade humana em países desenvolvidos. Ainda de acordo com esse pensamento, a Suíça deveria se adiantar a essa tendência e libertar a capacidade humana das obrigações econômicas como meio de garantir “segurança e liberdade” aos seus cidadãos.
“Robôs absorvem cada vez mais trabalho. É agora nosso dever reorganizar a sociedade de modo que a Revolução digital dê a todos uma vida digna: atividades de própria escolha e que façam sentido”, afirmam os defensores da causa em um documento explicativo enviado aos eleitores.
“Produzimos três vezes mais do que conseguimos consumir (…), mas isso não está acessível a todos. A renda mínima é um direito nesse contexto. Por que não tornar a riqueza acessível a todos?”, questiona o porta-voz do movimento pela renda mínima, Che Wagner, em entrevista à BBC Brasil.
O professor em história da Economia e Pensamento Político da Universidade de St.Gallen e autor do livro Austeridade: Breve História de um Grande Erro, Florian Schui, avalia que no contexto histórico a sociedade está mudando e há abertura para novos conceitos.
“É útil promover uma sociedade em que as pessoas tenham a estabilidade para tentar coisas novas (…), é útil dar a liberdade para as pessoas serem criativas. Isso vai ajudar muito a Suíça se for adotado”, opina.