Queridinho durante o café da manhã do brasileiro, o pão francês pode aumentar em torno de 5% ainda este mês. Isso porque, conforme revelou o presidente do Sindicato da Indústria do Trigo no Estado de São Paulo (Sindustrigo), Christian Saigh, o aumento do preço do cereal no mercado interno em maio fará a indústria reajustar em 10% o valor da farinha neste mês de junho.
O anúncio aconteceu na última quinta-feira (2/6), durante o seminário sobre o mercado de trigo e perspectivas econômicas para 2016 e 2017. “Em pouco mais de três semanas os preços aumentaram 20%, de R$750 a tonelada para R$900. Com essa alta não será possível manter os preços atuais por mais de 30 dias”, explicou.
A justificativa para as cotações de trigo terem disparado no último mês, além de não haver grandes estoques do cereal colhido em 2015, é que as indústrias de carnes e fabricantes de ração demandaram trigo para substituir o milho – cujos preços subiram ainda mais. “Há mais de 20 anos não víamos essa disputa entre granjeiros e moinhos”, revelou Saigh.
A alta em tão curto espaço de tempo surpreendeu os moinhos, que não tinham estoques longos do produto nacional. Desde o ano passado, devido à queda do consumo interno dos derivados de farinha, a indústria tem evitado alongar os estoques. TRIBUNA DA BAHIA
Segundo o presidente da Sindustrigo, a falta de capital de giro e a menor disponibilidade do mercado financeiro em liberar recursos também explicam essa cautela. Christian Saigh estima que o volume do cereal nos armazéns dos moinhos brasileiros seja 30% menor que em igual época do ano passado.
Se confirmado o repasse de 10% no valor da farinha, o preço do pão francês vai subir ainda este mês. Em entrevista à Tribuna da Bahia na tarde de ontem (3/6), o presidente do Sindicato da Indústria de Panificação e Confeitaria da Cidade do Salvador (Sindipan), Florêncio Rodrigues, ratificou que sempre que ocorre aumento no custo da farinha, consequentemente aumenta-se o valor do pão.
“Por enquanto não estamos trabalhando com aumento. Mas, se houver, teremos sim que repassar para o consumidor. Isso impactaria na faixa de 5% do valor do pão. Temos vários preços, de R$7 a R$10 o quilo. Se tiver um valor de R$10 o quilo, com o repasse, passa a ser R$10,50”, exemplificou.
Rodrigues considera o aumento de 5% justo, haja vista que houve retração na procura pelo alimento neste primeiro semestre de 10 a 15%, ante 2015.
“Se tem quebra de safra nos outros países – Canadá, Argentina –, independente do valor do dólar, aumenta o valor no mercado interno. Só que nosso mercado não está comprador. Hoje não podemos repassar muita coisa porque o consumidor não aguenta”, justificou.