Blog do Jorge Amorim

Vestibulandos de Medicina atacam colega com mensagens racistas

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O que era para ser uma mensagem de apoio aos vestibulandos que planejam cursar Medicina se transformou em uma chuva de preconceito e racismo de futuros médicos. O jovem Diogo Medeiros, de 24 anos, publicou na terça-feira uma mensagem no grupo Vestibulando de Medicina, compostos por jovens de todo o país, em que desejava sorte aos que vão fazer o Enem na próxima semana.

Diogo, que passou para o curso de Medicina da Universidade de Buenos Aires, na Argentina, escreveu no post: “Não importa quem você é, apenas tenha a certeza que você pode ser quem deseja. Basta acreditar em seu potencial”, com uma foto em que aparecia com a camisa da universidade argentina. Logo em seguida, o post recebeu uma série de comentários racistas como “ué, não sabia que negro podia ser médico, quem se arriscaria em uma consulta?”, “só porque o cara é feio e da cor de fita isolante ele não pode ser feliz?”, “Se não tivesse cota duvido que conseguiria” e “temos que acabar com o preconceito entre negros e humanos”. Alguns estudantes também publicaram mensagem de apoio. “Como futuros médicos vão atender pacientes sendo racistas?”, questionava outro.
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Diogo afirmou que irá registrar queixa na Delegacia de Repressão a Crimes de Informática. Diogo, que mora em Nova Iguaçu e estudou quatro anos para o vestibular, disse que já tinha passado por outras situações de preconceito antes, como pessoas atravessarem a rua achando que era um criminoso. Porém, nunca uma tão escancarada como essa. “Até pouco tempo atrás era mais comum, mas em pleno seculo 21 ainda existir isso é absurdo. Estou muito constrangido”, disse. Depois da repercussão do post, o moderador do grupo apagou a mensagem de Diogo, alegando que daria trabalho apagar todas as mensagens de ódio e preconceito.

Sonho de ser médico

Órfão de pai e mãe e aluno de escolas públicas, Diogo sempre sonhou em cursar Medicina. Para isso, passou o final da adolescência se desdobrando entre os estudos e o trabalho como técnico de enfermagem, sua primeira formação.

Ele conta que a vontade de ser médico nasceu dala tristeza em ver sua mãe “morrendo no Sistema Único de Saúde”. “Um dia quero ter uma clínica para atender pessoas sem condições financeiras”, planeja.

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Para o presidente da Comissão de Igualdade Racial da OAB-RJ, Marcelo Dias, que ofereceu assistência jurídica a Diogo, os ataques demonstram que o racismo no país ainda é muito forte.

“Existe uma parcela da população que não aceita os negros chegarem a espaços em que antes não eram vistos, como as universidades. Quando eles não estavam nesses espaços estava tudo certo, não incomodavam”, diz.

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