As mulheres representam 51,5% da população do Brasil, ou seja, mais de 100 milhões de brasileiras. Porém, nas últimas eleições realizadas em 2010, apenas 45 mulheres foram eleitas deputadas federais, representando 8,77% das cadeiras da casa.
No Senado, foram eleitas sete mulheres das 54 vagas preenchidas naquele ano, o que representou apenas 12,99% do total. Na Bahia, das 39 vagas para a Câmara Federal, somente uma deputada foi eleita em 2010.
Pesquisa realizada pelo Ibope e pelo Instituto Patrícia Galvão, em abril deste ano, em todo o país, com 2.002 entrevistados com mais de 16 anos de idade, revelou que oito em cada dez brasileiros consideram que deveria ser obrigatória a participação paritária de mulheres e homens nas casas legislativas.
Entretanto, de acordo com o demógrafo José Eustáquio Diniz Alves, do IBGE, se o avanço da participação feminina continuar no ritmo atual, a paridade entre os sexos nos espaços municipais demorará ainda 150 anos para ser alcançada.
Ele diz ainda que as mulheres não ocupam os principais cargos dos partidos e também não têm acesso adequadamente ao tempo de televisão e aos recursos financeiros para as campanhas. Estão alijadas da rede de capital político dos partidos.
A TARDE
Estímulos
A senadora e provável candidata ao governo Lídice da Mata (PSB) avalia que há discriminação contra a mulher no espaço público do poder, ocupado pelos homens.
Ela explica que, depois da conquista do direito ao voto por parte das mulheres, em 1934, os avanços foram limitados pela carga de preconceito contra a mulher.
“A mulher obteve o direito de votar, mas continuou a ser tutelada em suas escolhas políticas pelo pai ou pelo marido. Conquistar o voto é uma coisa. Conquistar o direito de ser votada é diferente”, diz a senadora.
Lídice discorda da tese de que mulheres não se interessam pela vida partidária. “Homens e mulheres neste país foram desestimulados a participar da política pelas campanhas das classes dominantes. Mas tanto se interessam pela política que atuam em associações de bairros, sindicatos e entidades sociais.
Única deputada federal eleita pela Bahia, Alice Portugal (PCdoB) aponta que a iniciativa para mudanças tem que vir dos partidos, fonte primária da atuação da mulher na política. A deputada diz que o espaço de atuação da mulher atualmente é muito pequeno e que, de maneira geral, não há estímulo para que as filiadas disputem cargos públicos.
Contudo, lembrou que ocorrem avanços e que alguns partidos já deram o primeiro passo, como o PT, cuja direção determinou que a partir deste ano as mulheres vão ocupar 50% dos cargos e das listas de candidatos.
Citou ainda o seu partido, o PCdoB, que realizou congresso nacional para renovação da direção. Ficou decidido que a partir de 2015 contará com sua primeira presidente, a deputada pernambucana Luciana Santos.
Partidos
Ex-presidente do PT na Bahia, Jonas Paulo explica que o partido procurou corrigir uma distorção histórica na sociedade, garantindo a paridade de participação das mulheres nos espaços de direção.
“O PT era o único partido que tinha a obrigatoriedade de ter pelo menos 30% de mulheres em sua direção. Agora esse percentual passou para 50%”, destacou.
Mas admite que esta medida não é suficiente para que um número maior de mulheres concorra e seja eleita nas próximas eleições.
O presidente do DEM, deputado estadual Paulo Azi, explica que os partidos têm que lutar contra a má fama da política para atrair filiadas.
“Geralmente, as mulheres que ingressam na política já tem uma tradição familiar . A baixa participação feminina nos partidos é um reflexo da sociedade machista”, avalia.
“É dever de todos partidos investir na formação política das mulheres, não só para cumprir cotas, mas como forma de fazer com que as qualidades mais positivas das mulheres passem a integrar a vida política”, diz Azi.