*Por José Ronaldo
O tema em questão nos remete a pensar que a violência e o consumo de drogas se espalham cada vez mais rápido pelos vários rincões do pais, tanto no campo quanto na cidade. Isso nos remete a pensar que cada vez mais a juventude e adolescência precisa de atenção e ajuda dos pais. Aqui vale relembrar o conceito de família que extrapola as relações conjugais e homo afetivos, tendo um significado mais amplo, onde a família é o grupo social que tem um convívio em comum. No caso da escola, este trabalho aumenta quando esta deve ter uma atenção redobrada principalmente com o fator da indisciplina que desemboca no processo de ensino aprendizagem destes jovens.
Não iremos dizer que a violência vem somente das escolas! O aluno influenciado por tipos de violência em casa ou na rua é um meio para que esta violência adentre as escolas. A problemática merece total atenção, pois se trata de uma questão social que esta para além de nossa vã compreensão imediata e não conseguiremos conceber suas causas sem que antes não mergulhemos nos problemas sociais típicos de nosso tempo, onde tais problemas não respeitam classes, credos e culturas, más esta espalhado em todos os lugares, uns com mais ou menos incidência.
*José Ronaldo è Professor Especialista em Fundamentos Sociais e Políticos da Educação pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e Militante do Movimento Sem Terra.
Simplesmente elas chegam e se apossam dos indivíduos, que, salvo raras exceções, tornam-se seus escravos. Para todos os que acham que seus filhos jamais serão atingidos pelas drogas, devo mencionar o provérbio chinês que diz: “A chuva não cai apenas no telhado do vizinho, ela cai no nosso telhado também.”
Segundo o IBGE os fatores que geram a violência no Brasil, e em várias nações mundiais, são dos mais diversos modelos. Havendo situações onde a violência é uma marca que vem sangrando há gerações, como o racismo, o conflito de religiões, diferentes culturas. E há casos onde ela é gerada de forma pessoal, onde a própria pessoa constrói fatores que acabam resultando em situações violentas como o desrespeito, o uso de drogas, a ambição e até mesmo resultado da educação familiar.
Ainda vai dizer que tais circunstâncias refletem a conjuntura de uma nação, como quando há falta de empregos, fazendo assim uma busca desesperada por melhores condições de vida; a falta de investimentos do Estado; e o principal motivo para gerar violência que vem abalando a história da humanidade é a desigualdade social.
Vivemos numa sociedade consumista, “imoral e avançada”.
Nós, seres humanos, somos egoístas, está no nosso ciclo de vida, se preocupar só conosco e esquecer-se dos demais. Quando alguém nos faz alguma coisa que não gostamos, queremos “partir para cima”, claro, que aquela pessoa bem educada e com pensamentos íntegros, não irá praticar nenhum ato de violência, simplesmente chegará naquela pessoa e conversará com calma, civilizadamente. Tudo depende da convivência, da educação e das influências.
Nós humanos, temos o privilégio de “raciocinar”. E Através desse “raciocínio” podemos pensar sobre aquilo que fazemos e que vivemos. Mas, ultimamente podemos ver atos que não condizem a seres de raciocínio. Por que a espécie humana é a única que mata sem ser uma questão de sobrevivência? Qual o motivo de um indivíduo matar a outro? Qual o motivo de tantas guerras? Por que esse ódio insaciante? Por que a sociedade está se destruindo? Por que tanta violência?
Uma série de transformações estão trazendo mudanças significativas para a sociedade. Por um lado, o mundo evoluiu, trazendo novas formas de o homem trabalhar e se comunicar. Por outro, está sofrendo as consequências desse avanço, tendo que conviver com problemas que interferem, inclusive, em uma das instituições mais sólidas da sociedade: a família.
Para o filósofo e professor João Geraldo (2013), a sociedade hoje tem características bem diferentes quando comparadas às outras décadas. “Mulheres trabalhando fora, portanto crianças sendo criadas fora do lar, muitas vezes em creches, em outras instituições passam o dia lá com a babá. Isso criou uma certa distância entre pais e filhos, natural na sociedade moderna, digamos assim”, explicou.
O professor lembrou ainda um problema social que vem afetando drasticamente a vivência social. O aumento do consumo e o tráfico de drogas, segundo ele, estão trazendo grandes prejuízos à família não só no Brasil, mas em todo o mundo.
O que se percebe, devido ao uso de drogas, principalmente, é a desestabilização dos lares. “É a falta de respeito; a falta de união entre pais e filhos; o filho não conhece o pai, o pai não conhece o filho”, disse. O professor acredita que, muitas vezes, essa situação acaba ocasionando brigas constantes e leva, até mesmo, ao divórcio dos pais.
Escola, família e participação social: Os desafios da escola diante das mudanças atuais.
O debate em torno da participação da família na escola, não é algo de novo na historiografia educacional brasileira. A escola nos últimos tempos dado a sua dinâmica de organização tem cada vez mais tentado seduzir a participação da família em torno da constituição de uma educação que tenha um maior vinculo e embasamento na realidade. No entanto a escola na sua atualidade passa por difíceis momentos, quando o assunto é trabalhar com as mudanças temporais que ocorrem nas vidas dos sujeitos e em toda uma dinâmica social que existe.
A questão posta é, que papel a escola pode desenvolver na perspectiva de construção de uma sociedade mais justa e igualitária, com informação, conhecimento e conscientização principalmente dos jovens diante deste mundo perverso e consumista. Como a escola com todas as suas peculiaridades postas pelo sistema e pela lógica do mundo capitalista vai conseguir intervir neste cenário caótico e de difícil solução?
Estes questionamentos nos remonta a pensar que a escola na sua construção histórica deve ser tradada de maneira relativa e conceitual, ou seja, a escola passou a ter varias faces,vários interesses e fundamentalmente pode ser organizada de varias maneiras,a depender dos interesses de classe que a envolve.Desta forma falar em participação, de família e de problemas sociais, nos remete a pensar que tais problemas se concentram justamente nas classes menos favorecidas e consequentemente nas categorias menos informadas, que acaba sendo vitimas da brutalidade de tal sistema. Estamos querendo dizer que a violência, as drogas, a prostituição, e o próprio abandono da escola se concentram justamente nos meios mais pobres e carentes da sociedade.
Assim para a escola resta entender esta dinâmica e de como estes problemas lhes são apresentados, para que de forma consciente possa descobrir qual é de fato o seu papel na sociedade enquanto instituição reprodutora do conhecimento e do saber cientifico.
É sabido que a escola não representa o todo da aprendizagem na vida de uma criança, ou adolescente, e que os conhecimentos que estas faixas etárias absorvem fora da escola por vezes são mais atrativos, mesmo que sejam menos significativos a aprendizagem destes sujeitos. Isto é, a escola tem o difícil desafio tanto de envolver as famílias em torno de seu objeto de estudo e ação pedagógica, quanto dar novo significado ao que a mesma ensina.
A escola, principalmente a escola do campo precisa entender que em tudo existe um interesse,se as famílias são desestruturadas,se os jovens são transviados ou se existem desvios de diversas formas,esta precisa ter a capacidade e fazer uma leitura desta realidade e perceber o que realmente esta por trás destes problemas.
Estamos aqui falando de uma atitude que a escola juntamente com seus educadores pode tomar, onde tem por intenção entender e intervir nos problemas, não exclui-los de seu ambiente físico. A escola é justamente o lugar do dialogo e do debate na construção do novo, e na melhoria das vidas das pessoas nos seus vários aspectos.
No entanto o termo escola, esta intimamente ligada a uma completa participação dos pares, que são o corpo docente, os discentes e pais e responsáveis, onde é preciso que haja um dialogo permanentemente estabelecido para que os problemas possam ser melhores solucionados e a escola possa assim cumprir minimamente o seu papel na sociedade que é o de projetar para o futuro as mudanças que as novas gerações precisam.
Eis então o desafio de construir uma escola democrática e que tenha a capacidade de se pintar com as cores do povo,entendendo seus problemas e buscando soluções conjuntas para superar estas mazelas.
José Ronaldo è Professor Especialista em Fundamentos Sociais e Políticos da Educação pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia e Militante do Movimento Sem Terra.
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