Blog do Jorge Amorim

BARRA DO CHOÇA: Irmã Aristéa Amorim recebe moção de aplauso da Câmara de vereadores.

Jorge Amorim, “A história da Irmã Aristéa Amorim, é para nós
motivo de orgulho.”

A Câmara Municipal de Barra do Choça, concedeu na manhã desta terça-feira, 14 de fevereiro, a Moção de Aplauso à barrachocense Irmã Aristéa Amorim, pelos seus 69 anos de vida dedicada a sua vocação religiosa, e pela comemoração do seu aniversário de 90 anos. Aristéa Alves de Amorim, é natural de Barra do Choça, é filha de Clínio Alves de Amorim e de Dona Rosentina de Araújo Melo. Em 1936, Tia Aristéa (como é popularmente conhecida) se mudou para Salvador para estudar. Após concluir parte dos seus estudos, retorna a Barra do Choça e passa a dar aula para os filhos de alguns moradores, sendo a terceira professora do município.

Aristéa Amorim, “Além da fé, a cultura é a coisa que mais engrandece
o homem.”
No ano 2000, atendendo a um pedido do Padre Edilberto Amorim,  que deseja desenvolver no município, um trabalho social de recuperação de pessoas usuárias de álcool e substâncias psicoativas. Para tanto, necessitava de um espaço que pudesse implantar este projeto. Ao ser solicitada, a freira aceita prontamente, a solicitação e doa o terreno, onde hoje está situada a COTEFAVE Fazenda Vida e Esperança em Barra do Choça.

Irmã Aristéa, é homenageada na Paróquia Senhor do Bonfim

A homenagem foi uma iniciativa do vereador Jorge Amorim (PT), para o edil, a trajetória da Irmã Aristéa Amorim é para Barra do Choça uma boa referência, haja visto que além da educação convencional, a irmã, doou a sua vida ao próximo. Todos os anos vinha para a sua cidade natal preparar as crianças para o Sacramento da Eucaristia. Ela emocionada conta, que as famílias muito fracas, passavam por dificuldades, pois não haviam oportunidades, não havia empregos e muito menos educação.

Ao se deparar com esta realidade, a Irmã Aristéa pôs-se em oração e pedia sempre a Deus, para que a sua cidadezinha crescesse intelectualmente, moralmente e economicamente e que prosperasse, pois o povo que nela habitava eram bons e valentes lutadores. Assim, é justa esta homenagem a esta religiosa que tanto bem fez ao nosso município e fará muito mais.

Vereadores acolhem e reconhecem a importância da Irmã Aristéa
na história do município.

Nesta sessão, os vereadores exaltaram a pessoa da freira Aristéa Amorim, e disse que Barra do Choça deve se orgulhar por ter uma pessoa tão pura e tão generosa, quanto a Irmã Aristéa. Em seguida o vereador Jorge Amorim, entregou a Moção de Aplauso às mãos da religiosa.

“Com toda humildade eu digo, eu nada fiz, todos os méritos
são para o Padre Edilberto, eu só fiz dar uma assinatura.”

Emocionada, a Irmã Aristéa disse, esta é a primeira vez que sento em uma cadeira de uma Casa Legislativa, agradeceu, em seguida disse, que não esperava tanta atenção, elogiou a cidade de Barra do Choça, enalteceu a educação do município  ao citar o lançamento dos livros de autores do município, e quanto a COTEFAVE, a irmã disse que “Com toda humildade, eu nada fiz, todos os méritos são para o Padre Edilberto, eu só fiz dar uma assinatura.”, ali eu sinto a presença de Deus, concluiu.
Aristéa Alves de Amorim, (do grego Aquela que busca só o bem) nasceu em 02 de fevereiro de 1922, na Fazenda Coqueiros em Barra do Choça, é filha de Clínio Alves de Amorim e de Dona Rosentina de Araújo Melo, tendo como irmãos Aclínio, Américo e Ansíla Amorim.
Em 1936, Tia Aristéa (como é popularmente conhecida) se mudou para Salvador para estudar, e por lá permaneceu durante três anos. Após concluir parte dos seus estudos, retornou a Barra do Choça e passou a dar aula para os filhos de alguns moradores. Em 1939 tornou-se a terceira professora de cidade.
A primeira Dona Santinha, filha do saudoso Doutor Crescêncio Silveira, e a segunda a Professora Maria de Lourdes, a qual após uma desilusão amorosa, suicidou-se, deixando o município sem professora. Neste contexto, a Irmã Aristéa surge no município, não para substituí-la, mas pela ausência da profissional e por estar habilitada a lecionar, com apenas dezessete anos idade.
A MOTIVAÇÃO
Com a morte de sua mãe, ainda criança, Aristéa passou a morar com a sua tia e a sua avó, com que teve forte influência em sua educação religiosa. A Irmã Aristéa conta, que uma parábola marcou a sua vida, e lhe trouxe a reflexão, “A parábola da filha do Rei infiel”, nela, uma menina, interessa pelo menino, e após algum tempo depois de moça e rapaz, vão ao mosteiro para celebrar o seu casamento. Ao entrar, o rapaz não retorna, e a moça espera por muitas e muitas horas, até que alguém vem a ela com a informação de que não havia ninguém a espera dela. A informação, traz lhe uma dúvida se de fato, aquele rapaz existiu, a parábola, insinua, que ele seria a JESUS CRISTO. Moral da história, a moça percebe que aquele era um chamado para a sua vocação religiosa. Esta mensagem ficou com a Irmã Aristéa por muito tempo, até que resolve a contra gosto de sua família dedicar-se à vida religiosa.
A PARTIDA
No dia 16 de janeiro de 1943, com cerca de 20 anos de idade, Aristéa Amorim, sob o pretexto de fazer um tratamento dentário em Vitória da Conquista, afastou-se de sua família para dedicar a sua vocação religiosa num convento em Salvador. Ao todo foram quatro dias de viagem, de Barra do Choça a Conquista, no lombo de um cavalo, conduzido por seu primo Manoel Amorim. De Conquista a Jequié, viajou na boleia de um caminhão. Já de Jequié a Nazaré das Farinhas o meio de transporte foi o trem, e finalmente, de Nazaré das Farinhas a Salvador, o percurso foi concluído a navio. Apesar das tentativas da família, especificamente de seu pai o senhor Clínio Alves de Amorim, de mudar o pensamento daquela jovem de ingressar no convento, argumentava ele, usando um versículo bíblico “Desejo misericórdia, e não sacrifícios”, (Os. 6:6). Mas, a religiosa manteve-se firme no seu propósito e graças a sua persistência, ao pai ao perceber a sua devoção e desejo de seguir a sua vocação religiosa, e por ser menor de idade, o seu pai acabou concedendo a autorização para que a irmã ingressasse na vida religiosa e realizasse o seu grande sonho.
O RETORNO À BARRA DO CHOÇA
A irmã Maria da Visitação como era conhecida a Irmã Aristéa, permaneceu enclausurada por 40 anos no Convento na capital Baiana, ali ela pertencia à União Romana da Ordem de Santa Úrsula, após 1962, com o Concílio Vaticano II, o qual se retirou a clausura, permitindo a abertura da Igreja, pois, segundo Papa João XXIII, “Era necessário abrir as janelas da Igreja, para que fosse ventilado, e que entrasse novos ares”.
Com esta determinação do Vaticano, a irmã Aristéa, retornou à sua cidade natal e se assustou com a pobreza e o sofrimento dos seus conterrâneos. As famílias muito fracas, passavam por dificuldades, pois não haviam oportunidades, não havia empregos e muito menos educação. Ao se deparar com esta realidade, a Irmã Aristéa pôs-se em oração e pediu a Deus, que a sua cidadezinha crescesse intelectualmente, moralmente e economicamente e que prosperasse, pois o povo que nela habitava eram bons e valentes lutadores.
Após dois anos, a Irmã Aristéa, voltou a Barra do Choça e teve uma grande surpresa: a cidadezinha já estava com uma outra cara e com uma nova perspectiva, surgia ali, o início da cultura cafeeira em Barra do Choça. Com a política de apoio do Governo Federal e Estadual aos pequenos produtores, além de incentivos em recursos financeiros, alguns adquiriram lotes de terras, para cultivar o café. O resultado foi tão positivo que alguns moradores do município, antes mesmo do prazo estipulado pelo Governo, já queriam pagar os seus financiamentos.
IRMÃ ARISTÉA E COTEFAVE:
No ano 2000, numa das costumeiras visitas a Barra do Choça, a freira encontrou casualmente com o Padre Edilberto Amorim, e numa conversa informal sobre questões diversas, um aspecto chamou-lhe a atenção uso de drogas. Já profetizando o Tema da Campanha da Fraternidade de 2002 “VIDA SIM, DROGAS NÃO.”, o Padre Edilberto, por sua vez antecipou a irmã, o seu interesse em desenvolver no município, um trabalho social de recuperação de pessoas usuárias de álcool e substancias psicoativas. Para tanto necessitava de um espaço que pudesse implantar este projeto. Ao tomar conhecimento do desejo do padre, a irmã Aristéa, fez a doação de uma área de terra que herdara do seu pai no passado.
Graças a esta ação generosa da Irmã Aristéa, em Barra do Choça se concretiza uma instituição que tem a missão de acolher adolescentes, jovens e adultos, para recuperação da drogadição. A cotefave é hoje a primeira do norte nordeste, a nona no Brasil, e a vigésima quinta a nível mundial, em acolhimento, tratamento e reinserção social e familiar.


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