Blog do Jorge Amorim

CORONAVÍRUS: Itália registra nesta sexta-feira (20) mais 627 mortes pelo novo coronavírus

Coronavírus: saiba o que deu errado na Itália, país que registra maior número de mortes

Idoso usando uma máscara protetora empurra seu carrinho quando chega para fazer compras em um supermercado em Codogno, sudeste de Milão, depois que a Itália impôs restrições nacionais aos seus 60 milhões pessoas para controlar a Covid-19. Itália é um país de idosos, o mais antigo da Europa, segundo as estatísticas, e poucos deles moram em casas de repouso, a questão de seu isolamento é aguda Foto: MIGUEL MEDINA / AFPGrande número de idosos, desrespeito à quarentena e poucos testes realizados foram alguns dos fatores responsáveis

A Itália registrou nesta sexta-feira mais 627 mortes pelo novo coronavírus, o maior número de vítimas em 24h desde o início da pandemia. Um dia antes, o país já havia superdo a China com o maior número de vítimas relacionadas ao novo coronavírus. Com isso, as vítimas fatais chegam a 4.032. Mas o que deu errado?

Uma das razões para a alta mortalidade no país é o grande número de idosos, proporcionalmente maior que na China — a idade média do italiano é de 44 anos, contra 37 dos chineses. Segundo o Instituto Superior de Saúde, ligado ao Ministério da Saúde, a idade média do italiano que se infecta pelo novo vírus é de 63 anos.

Em quarentena há trezes dias, o país foi o primeiro a impor um confinamento geral à população para tentar frear a pandemia, que se tornou a sua mais grave crise desde a Segunda Guerra Mundial. Tomada para preservar o seu sistema de saúde, a medida extrema, após resistência inicial dos pares europeus, acabou sendo adotada por países como Espanha e França.

Homens com máscaras de proteção carregam caixão de vítima do novo coronavírus em cemitério de Bergamo, na Itália Foto: Flavio Lo Scalzo / REUTERS
Homens com máscaras de proteção carregam caixão de vítima do novo coronavírus em cemitério de Bergamo, na Itália Foto: Flavio Lo Scalzo / REUTERS

Mas o momento em que ele se alastrou no país europeu, pelo menos desde janeiro, também contribuiu para o panorama: trata-se de um período frio, em que tradicionalmente há mais casos de gripe, confundida inicialmente com a Covid-19.

— A principal razão é o tamanho da nossa população de idosos — afirma o médico Antonio Montegrandi, especializado em doenças infectivas. — Até agora, as vítimas relacionadas à Covid-19 com menos de 50 anos são raras, e todas conviviam com alguma doença séria.m O Globo

 

Médico em Roma, ele teve dois pacientes que morreram por complicações relacionadas ao coronavírus: um de 84 anos e outro de 92.

A situação é mais crítica na Lombardia, região do Norte, uma das mais ricas do país, onde o número de mortos já superou dois mil. Responsável por um quarto do PIB nacional e com um sistema de saúde considerado um dos melhores da Europa, a região está próxima do colapso, com escassez de médicos e falta de leitos em UTIs.

Leia mais:Quarentena na Itália para conter coronavírus ignora moradores de rua

Outro aspecto que explica a rápida difusão, e que inevitavelmente contribui com o índice de mortes, é a dificuldade dos italianos em respeitar a quarentena, o que foi muito discutido no país nos últimos dias. Montegrandi diz que o modo de vida “irresponsável” de seus conterrâneos contribui, um povo que, segundo ele, “não tem um senso cívico” e é “um pouco rebelde” com as regras.

O contraste da anarquia italiana, conta ele, fica evidente quando comparado ao esforço feito em lugares como China e Coreia do Sul, nações mais disciplinadas que a italiana:

— Como se trata de um vírus muito contagioso, esse modo de vida se transforma num problema. Muitos jovens estão infectados, não apresentam sintoma, pensam que estão bem e continuam a infectar outras pessoas, tornando-se um perigo para a faixa de risco. Por isso é importante respeitar a quarentena.

 


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