Blog do Jorge Amorim

Ceará tem 51 assassinatos em 48 horas de motim da Polícia Militar

Encapuzados ocupam unidade da tropa de elite da PM do Ceará em Sobral na manhã desta sexta-feira — Foto: Reprodução/TV Verdes Mares

O Ceará registrou 51 assassinatos em 48 horas – mais de 1 por hora – em meio ao motim de policiais e bombeiros militares por aumento salarial.

A paralisação começou na noite de terça-feira (18). Até então, a média de homicídios no estado em 2020 era de 6 por dia. As 51 mortes ocorreram entre as 6h de quarta e as 6h desta sexta-feira.

 

Uma delas ocorreu nesta madrugada no bairro Vicente Pinzón, em Fortaleza, onde um adolescente de 16 anos foi atacado por 7 homens que estavam em motocicletas. Outra, no Bairro José Walter, onde ocorreu um tiroteio que deixou 1 morto e 1 ferido.

*G1

Na noite de quarta, a dona de casa Maria de Paula Moura foi assassinada na frente da mãe e dos filhos numa tentativa de assalto na capital.

Maria de Paula, morta na frente dos filhos e da mãe na noite de quarta-feira em Fortaleza — Foto: Arquivo pessoal

Maria de Paula, morta na frente dos filhos e da mãe na noite de quarta-feira em Fortaleza — Foto: Arquivo pessoal

Batalhões ocupados

Os PMs têm cruzado os braços para pressionar por aumento salarial. O movimento também tem fechado batalhões – nesta sexta, ao menos 9 dos 43 estão ocupados pelos manifestantes – e atacado carros oficiais, que têm os pneus esvaziados para não poderem ser utilizadas.

Em um desses batalhões, o senador licenciado Cid Gomes foi baleado ao jogar uma retroescavadeira contra o portão que era mantido fechado pelos encapuzados. Ele não corre risco de morte.

A proposta do governo é aumentar o salário de um soldado da PM dos atuais R$ 3,2 mil para R$ 4,5 mil, em aumentos progressivos até 2022. O grupo de policiais que realiza as manifestações reivindica que o aumento para R$ 4,5 mil seja implementado já neste ano.

Na noite de quinta-feira (21), houve um encontro entre representantes dos policiais que participam do motim e uma comissão de senadores para por fim à paralisação. Mas, não houve acordo. Um dos pontos discutidos foi a anistia aos integrantes do movimento, mas o governo do Ceará diz esse ponto é inegociável.

A Constituição proíbe greve de agentes de segurança, como policiais militares, policiais civis, bombeiros e agentes penitenciários. Em 2017, o Supremo Tribunal Federal (STF) reiterou o veto.

A maioria dos ministros entendeu que, por se tratar de um braço armado do Estado, a polícia não pode fazer paralisação porque isso prejudica e afeta toda a sociedade. A decisão teve repercussão geral, ou seja, vale para todos os casos de greve de polícias que cheguem a qualquer instância da Justiça.

Nesta sexta-feira, o Solidariedade anunciou a expulsão do vereador Sargento Ailton, de Sobral, apontado como um dos coordenadores do movimento.

“Nós não trabalhamos com militância do terror que causam a depredação do patrimônio de pessoas e não podemos aceitar que policiais e agentes públicos, encapuzados e armados como milicianos, levem o terrorismo às ruas”, diz a nota.


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