Blog do Jorge Amorim

Projeto Consciência Negra: Tenho consciência, por isso sou resistência – Por Idelma Novais

Desde 2005, o projeto Consciência Negra, vem sendo desenvolvido pela área de humanas do Centro Educacional de Barra do Choça – CEBC, para seguir a obrigatoriedade do ensino da cultura e história afro-brasileira, africanas e indígenas nas escolas. A lei 10.639 foi sancionada em 2003, destinada a cultura afro-brasileira e africana e a lei 11.645 complementa a lei 10639 ao acrescentar o ensino e da história e cultura indígena.

Ambas alteraram a lei 9.394, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Mesmo com a obrigatoriedade dessas leis, ainda é difícil trabalhar a temática em nossa escolas. Mas, ao longo do tempo, nesses 14 anos, o projeto Consciência Negra do CEBC, vem tentando superar essas dificuldades e se comprometeu a trabalhar a temática afro-brasileira, africana e indígena. Com isso o projeto foi crescendo e transformando de forma lenta e gradual a vida de nossos alunos.É um projeto que procura dar ênfase a diversidade étnico-cultural, assim como é diversa a cultura Afrodescendente e Indígena que engloba informação, formação, música, dança, teatro entre outras atividades. A cada ano abordamos uma tentativa diferente e, no ano de 2019, inova fazendo a abertura com uma exposição que atingiu os seus objetivos com sucesso. Para a execução do projeto os professores da área de humanas se dividem em grupos de forma que todos são envolvidos. Assim, um grupo por mim, Rita de Cássia Albuquerque de Menezes e Vanderlucy Barreto, Coordenado pela professora Edilene Rocha organizou a exposição tendo o apoio de outros professores.

O projeto está em andamento e muitas novidades ainda irão acontecer, como o tão esperado desfile da beleza negra, que será uma das atrações do encerramento do projeto nos dias 18 e 19 de novembro, às vésperas do feriado do dia 20, pois o município de Barra do Choça, através da iniciativa da Associação de artistas do município e do projeto de lei do vereador Paulo Bateria conseguiram aprovar a lei que homenageiam os negros e indígenas nesse dia em especial, dia 20 de novembro, dia em que Zumbi, líder do quilombo dos Palmares, foi morto e  essa data ficou como símbolo de resistência e é celebrado o Dia Nacional da Consciência Negra no Brasil.

          Com a exposição do Projeto Trançando Africanidades: África Atlântica; pelos fios da história eu vou, propõe trabalhar as vivências afro-brasileiras na rede municipal de ensino de Vitória da Conquista, coordenada pela professora Greissy Leôncio Reis, e tem o objetivo de abordar as influências e os intercâmbios realizados entre as nações e povos localizados na região da África Atlântica e a América portuguesa. Visa também fomentar o ensino de história e cultural afro-brasileira, africana e indígena nas escolas além de promover uma cultura de respeito e valorização das diferenças étnico-raciais e o combate ao racismo. Com essa Parceria, atingimos um dos nossos objetivos, que era mostrar par aos nossos alunos que a temática é lei que também é desenvolvido em outros, espaços e escolas de outros municípios. Assim fizemos uma parceria com a Coordenadora do Núcleo de Diversidade e Educação para as Relações Étnico-raciais, que expôs sua produção e também contou com a realização de uma oficina para os professores do CEBC. Diferente do projeto Consciência Negra que é executado somente pela CEBC, o projeto Trançando Africanidades é executado em toda a rede municipal de ensino de Vitória da Conquista, da educação infantil ao EJA, nas escolas do campo e na sede e está na sua terceira edição. Dessa forma gostaríamos de agradecer a coordenadora Greissy Leôncio Reis, Gleide Nadja de Oliveira Smith coordenadora da SMEA e também a coordenadora do EJA Joseane Aguiar Novais, que não mediram esforços em nos ajudar.

         Outra parceria de sucesso foi com Gilvandro Oliveira, artista indígena, que nos presenteou com sua exposição “Voltando a Ancestralidade” e com obras inéditas e que o nosso projeto foi prestigiado e, nós professores, tivemos a honra e ficamos felizes pela oportunidade de expor essa maravilhosa arte em madeira e terracota, retratando a ancestralidade negra e indígena e apresentando um pouco dos costumes dos primeiros habitantes de nossa região, os Mongoiós, Aymorés e Pataxós que viveram no Planalto da Conquista. Suas esculturas mostraram também a vida do indígena e negro na atualidade indo de encontro as suas raízes, tendo consciência de suas origens, de suas acedências e retornando a sua história, resistindo a esse mundo de preconceito e perseguição, combatendo às adversidades que são impostas por uma sociedade que discrimina e exclui. Assim, agradecemos a Gilvandro Oliveira por esse presente e ao Maestro João Omar, pelo apoio.

               Kamilla Dantas, Historiadora e fotógrafa, é nossa parceira desde 2017 e nos honrou mais uma vez com sua exposição “ÀWÁ: Mulheres e crianças do axé”, onde é retratada a religiosidade de matriz africana e a vivência de mulheres e crianças nos terreiros de Vitória da Conquista e a luta constante pelo direito de exercer sua religiosidade e de combater o preconceito e a intolerância religiosa. Para Kamilla Dantas, fotografar é um ato político social e o fotógrafo não está apartado o contexto cultural em que vive e serve como um instrumento para a construção da memória da sociedade. O objetivo de Kamilla, foi construir um acervo imagético sobre o universo cultural e religioso do candomblé da Bahia e a presença das mulheres e crianças no candomblé. Realizado a partir de 2012 nos terreiros de Ilé Asé Èfón Yèyè Omi Titun, Ilé Alaketú Asé Omi T’Ògun e Ilé Axé Kosionile, situados em Vitória da Conquista, Bahia.  À Kamilla Dantas o nosso agradecimento.

           A exposição “Sou Indígena, eu existo e resisto”, surgiu durante as aulas sobre a questão indígena, onde percebia que os alunos reagiam de formas diversas quando era mostrado vídeos e fotos de indígenas: geralmente, espanto, surpresa e risos se sobressaiam. Isso porque o indígena constantemente ainda é trabalhado de forma errônea, com base na visão eurocêntrica, reduzido a um personagem folclórico brasileiro, como um Saci Pererê, como bem salienta Greissy Reis. Diferente do negro que sofre preconceito, mas está em nosso convívio, o indígena não está presente na sociedade barrachocense e, portanto, é como se ele não existisse para a maioria das pessoas. Isso também ficou claro, quando, durante a visita de uma escola a aluna perguntou: “Tia, e índio existe?” e a exposição em questão respondia sua pergunta. Dessa forma, a exposição “Sou Indígena, eu existo e resisto”, traz imagens de manifestações realizadas pelos movimentos indígenas como “Acampamento Terra Livre”, “Anaí – Associação Nacional de Ação Indigenista”, “Marcha das Mulheres Indígenas”, além da Liderança internacional do Cacique Raoni que tem como pauta principal a luta pela vida humana e da floresta e de acesso a permanecerem em suas terras entre outras questões da atualidade. São movimentos que acontecem no Brasil e em outros países, principalmente na Europa, sobre a questão da luta indígena que não são noticiados pelos meios de comunicação de massa.

          A exposição foi realizada para os alunos do CEBC, mas também para toda comunidade educacional de Barra do Choça e comunidade em geral. Assim, agradecemos aqui a direção, coordenação, professores e alunos da municipal Adelieta Ramalho, ao alunos do CAPS/EJA e das escolas particulares Educandário Corina Amorim – EDUCA e Portal do Saber por ter aceito o nosso convite e comparecido a exposição, prestigiando o nosso projeto e as exposições dos artistas acima mencionados, como também por entenderem a importância de trabalhar a questão afro e indígena com nossos alunos. Desde já informamos que o nosso projeto, a área de humanas e o CEBC estará sempre de portas abertas pra a troca de experiência.

           Foi a primeira vez que realizamos uma exposição nessa estrutura e de trazer outros olhares sobre a africanidade e o indígena para os nossos alunos e comunidade em geral. Tivemos algumas dificuldades em sua execução. Porém as dificuldades nos tornaram mais fortes, havendo uma união e movimentação de pessoas especiais empenhados na realização da exposição. Essas dificuldades também fez com que aumentasse o número de parceiros, o que já podemos afirmar que a próxima exposição de 2020, já está montada. À todas as pessoas especiais que não mediram esforços para a realização dessa primeira de muitas exposições, que foi um sucesso, o nosso agradecimento. Como afirma o


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