Blog do Jorge Amorim

Pesquisadores analisam impactos humanos no Rio Catolé

Iniciativa verifica o impacto do lançamento de efluentes e propõe alternativas para preservar suas águas.
(Rio Catolé Grande em Barra do Choça (foto: divulgação))

Monitorar o impacto do lançamento de efluentes e, ao mesmo tempo, propor alternativas para a melhoria da qualidade da água do Rio Catolé Grande. Esses são os principais objetivos do projeto “Monitoramento de variáveis de qualidade da água em diferentes níveis de vazão no Rio Catolé”, desenvolvido desde 2009 por pesquisadores da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb).

Coordenada pela professora Flávia Mariani Barros, do Departamento de Ciências Exatas e Naturais (DCEN), a ação trouxe novos resultados na primeira semana de junho. Durante o trabalho foram feitas coletas de água e medição de vazão em diferentes pontos. As amostras contaram com várias análises para verificar como estava a qualidade do rio antes, durante e depois do perímetro urbano/industrial da cidade de Itapetinga.

Segundo a coordenadora, a interferência antrópica (intervenção humana que resulta em modificações no meio ambiente) é um dos principais agravantes no comprometimento da qualidade da água, principalmente no período chuvoso. Também integram o projeto os professores Danilo Paulucio, da Uesb em Itapetinga, e Felizardo Adenilson Rocha, do Instituto Federal da Bahia, campus de Conquista.

Ainda de acordo com Flávia Mariani, o ponto localizado imediatamente após o perímetro urbano se apresenta como ambiente mais ‘antropizado’, em decorrência de um considerado número de variáveis estarem fora dos padrões estabelecidos pela resolução 357/2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que “dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.”

Autodepuração

Em relação à autodepuração (capacidade natural do rio de purificar suas águas), por exemplo, os estudos apontam que o Catolé apresentou menor capacidade de autodepuração durante o período de maior vazão. “Em todas as coletas realizadas, foi possível identificar o comprometimento da autodepuração do rio em decorrência do impacto ambiental causado pela introdução de matéria orgânica proveniente de efluentes agroindustriais e de efluentes domésticos, interferindo, de maneira significativa, na dinâmica de autodepuração do Rio Catolé Grande”, ressalta Barros.

Ainda foi verificado que as maiores concentrações de fósforo total foram observadas depois do perímetro urbano da cidade, em todas as épocas do estudo. Segundo a professora, os altos valores dessa substância podem colaborar para a proliferação exagerada de macrófitas aquáticas, o que pode causar diversos prejuízos, como a falta de oxigênio dissolvido e a consequente morte de peixes.

Conforme as variáveis analisadas, o rio se encontra em boa qualidade no perímetro urbano/industrial, o que não pode ser observado durante e após o perímetro urbano/industrial. Nessas análises, não foram consideradas variáveis importantes, como elementos potencialmente tóxicos e resíduos de agrotóxicos, que serão foco de um futuro trabalho no rio.

Também integram o projeto os professores Danilo Paulucio, da Uesb em Itapetinga, e Felizardo Adenilson Rocha, do Instituto Federal da Bahia, campus de Conquista.

Comitê

Em setembro do ano passado foi aprovada a criação do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio Catolé Grande. Com esta iniciativa, os municípios de Barra do Choça, Vitória da Conquista, Planalto, Itambé, Caatiba, Itapetinga e Nova Canaã passaram a ter a gestão dos recursos hídricos nestas áreas, com a intervenção do próprio comitê para mediação de conflitos.

“A mobilização e participação da sociedade civil na consolidação do comitê são de suma importância para instruir e aplicar políticas públicas para a melhor utilização das águas por todos os municípios envolvidos. E a região está mobilizada por seu Comitê Gestor de Águas, desde 2015, de forma ininterrupta, participando de reuniões, promovendo estudos e pesquisas, e buscando alternativas para a melhor gestão da crise hídrica e conservação dos recursos ambientais da bacia”, destacou em nota a Ordem dos Advogados do Brasil de Vitória da Conquista (OAB Conquista).

Veja as cinco principais conclusões da análise:

* A interferência antrópica (intervenção humana que resulta em modificações no meio ambiente) é um dos principais agravantes no comprometimento da qualidade da água, principalmente no período chuvoso;

* O ponto localizado imediatamente após o perímetro urbano se apresenta como ambiente mais ‘antropizado’, em decorrência de um considerado número de variáveis estarem fora dos padrões estabelecidos pela resolução 357/2005 do Conama;

* Em relação à autodepuração (capacidade natural do rio de purificar suas águas), por exemplo, os estudos apontam que o Catolé apresentou menor capacidade de autodepuração durante o período de maior vazão;

* As maiores concentrações de fósforo total foram observadas depois do perímetro urbano da cidade, em todas as épocas do estudo;

* O rio se encontra em boa qualidade a montante do perímetro urbano/industrial, o que não pode ser observado durante e após o perímetro urbano/industrial.

 


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