De acordo com a Associação dos Produtores de Café da Bahia (Assocafé), o estado é o quarto maior produtor da bebida no Brasil. Cerca de 5% da produção nacional é baiana e desse montante, grande parte do cultivo do tipo arábica vem de quatro regiões do estado. São elas: Planalto de Conquista (destaques para Barra do Choça e Vitória da Conquista), Chapada Diamantina (Piatã e Mucugê), Cerrado (Luís Eduardo Magalhães e Barreiras) e Centro-Sul (Brejões e Itiruçu).
Da tradicional região de Conquista, que abrange 21 municípios localizados ao mínimo de 700 metros acima do mar e temperatura média de 21ºC, saem cafés premiados para todo o mundo. Porém, segundo a artista plástica e cafeicultora Valéria Vidigal – realizadora do 12º Encontro Nacional do Café – ainda são poucos os produtores que têm café já torrado (em grãos ou moído) para venda direta ao consumidor final.
Em conversa com o Terroir, a proprietária da Fazenda Vidigal – localizada em Barra do Choça (BA) – comentou o fato. Valéria acredita que como a maior parte das plantações surgiu, na região, a partir de 1970; e grande parte da produção sempre foi destinada ao mercado externo ou indústria, o costume de tomar cafés gourmet ou de origem ainda não arraigou no Planalto.
Porém, essa realidade está mudando em conjunto com o restante do país.
Um estudo da Euromonitor Internacional, encomendado pela Associação Brasileira de Cafés Especiais (BSCA), indicou que o mercado nacional de cafés especiais registrou crescimento anual superior a 20% nos dois últimos anos e deve continuar a avançar no curto prazo. O segmento movimentou R$ 1,7 bilhão no varejo (incluindo o food service), quase 29% mais que em 2015.
Segundo a diretora da BSCA, Vanusia Nogueira, estes números indicam claramente que há um interesse exponente por cafés especiais, com consumidores buscando cafés de origem e discutindo os atributos da bebida.
Cafés especiais e de origem do Planalto de Conquista
O primeiro que conheci foi o Café Maniff, da Fazenda Esmeralda. Os grãos – um blend de variedades tipo arábica não especificadas pela marca – vêm de Inhobim, distrito de Vitória da Conquista (BA). O plantio está em uma região de altitude a 60 km do centro da cidade, onde predomina a mata de cipó (uma vegetação de transição entre a Caatinga e a Mata Atlântica). Segundo o site da marca, a propriedade se dedica à cafeicultura há mais de 35 anos. Além da venda online, mas também distribui seu produto para venda direta na própria cafeteria em Conquista.
O segundo que provei foi o Café Vidigal, da Fazenda Vidigal, produtora de café tipo exportação desde 1994. Ganhadores de concursos da Syngenta e Assocafé, entre outros, os grãos 100% arábica do tipo Catuaí são plantados em uma propriedade situada a 900 metros acima do nível do mar, na zona rural de Barra do Choça (BA). A bebida gourmet, por sua vez, alcançou notas recentes de classificação acima de 82 pontos (apenas cafés com notas de 83 para cima podem ser categorizados como especiais). A torra é média. Para comprar, acesse o instagram do Café Vidigal.
O terceiro que provei foi o Café Eufrásio, também classificado como do tipo especial. E 2013, ganhou pela primeira vez o primeiro lugar no Concurso Nacional ABIC de Qualidade do Café. Desde então, vem disputando as primeiras colocações no certame. Em 2018, ficou em 5º lugar.
O café, também da variedade Catuaí, é cultivado artesanalmente pelo produtor Eufrásio Lima, no Sítio Boa Vista, em Barra do Choça (BA). Na própria embalagem o cafeicultor relata o processo produtivo; que envolve seleção manual de grãos, remoção mecânica da polpa e processamento por via úmida – método em que o café é submetido a longas horas de fermentação submerso em água, agregando nuances de aroma e sabor diferenciados. O resultado é um café que traz um incrível equilíbrio entre acidez e doçura. Para comprar, acesse o instagram da marca.