Blog do Jorge Amorim

Desabafo de uma PROFESSORA…Que todos saibam que para cada ação há uma reação!

Não educamos os nossos alunos para serem passivos e obedientes aceitando tudo que lhe é imposto…Que todos saibam que para cada ação há uma reação! “Edite Rosa”

Venho informar a comunidade de Barra do Choça que no último dia 09 de novembro alguns professores, indignados com a atual situação que se encontra o município foram às ruas em protesto. E como a nossa indignação foi interpretada de diferentes pontos de vista, eu quero dizer a população que somos professores sim, e não nos envergonhamos de ir às ruas em protesto por qualquer situação.
E não envergonhamos de que os nossos alunos aprendam mais essa lição.
Não educamos os nossos alunos para serem passivos e obedientes aceitando tudo que lhe é imposto.
Ensinamos os nossos alunos a refletirem sobre as diferentes situações e a se levantarem diante das injustiças e das situações de repúdio que o sistema tenta impor a nós a todo custo.
Quando vamos às ruas, não quer dizer que somos um povo sem educação, pelo contrário significa que estamos fazendo a educação nas ruas, porque não nos falta educação, falta a nós a valorização como profissional, mas se nos falta à valorização, nos sobra a indignação e o desejo de reação.
Somos a categoria mais indicada para ir às ruas, porque temos a obrigação de ter conhecimento para compartilhar com a população os direitos constitucionais que cada cidadão tem e que devem ser respeitados.
Nós, professores e servidores que estivemos na rua no último dia 09, somos filhos de uma geração que educou para a vida, com respeito e dignidade. Somos filhos de pais honrosos que ensinaram sobre caráter e respeito. Somos filhos de seu João, de dona Tereza, filhos de dona Maria, de seu Francisco, de seu Antônio, de dona Carminha, de seu José, de seu Joaquim, de dona Rosinha. Somos todos filhos de pais humildes, trabalhadores e que se esforçaram muito para alcançarmos a profissão que hoje seguimos.
Não nos confunda com baderneiros ou arruaceiros.


Se fomos às ruas em protesto não significa que não reconhecemos a importância das autoridades, mas significa sim, que exigimos das mesmas autoridades o respeito por estarem representando na esfera política o povão que o elegeu e diga-se de passagem sendo bem pagos, por nós, para o exercício da função.
Saibam todos que que a educação formal, a educação escolar, as graduações e formações da vida não nos fazem esquecer a educação familiar que recebemos, mas as graduações nos permite aquisição de conhecimento principalmente político para se levantar diante das barbaridades políticas que todos os dias, nos leva o pouco que nos sobra em dignidade e respeito, porque essas tais formações nos torna um povo sabido.
Não venham os inimigos dos professores tentarem dizer à comunidade inverdades sobre o manifesto realizado. Não fomos às ruas em protesto ao governador, e isso não tem nada a ver com respeito a autoridade política que ele traz, porque quando houver necessidade e oportunidade de manifestação contra qualquer outra situação política, mesmo que envolva a maior das autoridades, os professores novamente se levantarão e a nossa voz ecoará pela cidade e pelas suas vizinhanças.
Então que no dia do nosso grito, que o governador e as demais autoridades políticas que aqui estiveram, reconheçam que na nossa cidade o professor tem educação, e é essa educação que o torna forte e determinado a combater a opressão.
Que o governador leve de nós a nossa melhor imagem de povo que reage e vai à frente num manifesto. Porque ninguém cala a voz de um povo consciente, sabido e indignado.
Que todos saibam que para cada ação há uma reação.
Que a população saiba que não fomos às ruas por causa de um aumento salarial, apesar de termos direito a um reajuste anual, que não recebemos apenas esse ano e que estamos sofrendo represálias dessa administração desde o seu primeiro dia de governo nesse município.
Fomos às ruas por causa de um plano de saúde que os servidores pagam, deixam o recurso na prefeitura, mas a prefeitura não repassa a empresa. Fomos às ruas por causa de uma apropriação indébita da administração aos recursos que pagam o servidor.
Fomos às ruas por causa de um empréstimo consignado que pagamos todos os meses e a prefeitura não repassa aos bancos. Fomos às ruas porque recebemos carta de cobrança dos mesmos bancos.
Fomos às ruas por causa do servidor contratado que está há três meses sem receber o meio salário que deveria e não tem coragem de manifestar porque sofre as represálias. Fomos às ruas porque demitiram servidores contratados nas instituições escolares após aquela manifestação, para calar a voz de que não estava satisfeito.
Fomos às ruas porque os proprietários dos veículos contratados para transportar alunos estão há meses sem receber os seus vencimentos e paralisam as atividades deixando parte dos alunos da zona rural sem aula, fato que vem ocorrendo desde o primeiro semestre do ano letivo 2017.
Fomos para a rua porque somos os primeiros homens e mulheres com conhecimento a não afirmar conivência com os absurdos que se encontram na administração municipal.
Ah, e sobre receber visitas em casa, cara população,
Não confunda os governantes com uma visita que seus pais trouxeram para a sua casa para tomarem um café à tarde, quando você ainda era uma criança. Os governantes são políticos, os seus interesses são interesses políticos e respeito é uma questão de reciprocidade, se o político não lhe respeita e tenta tirar os seus direitos trabalhistas, e vem para te levar inclusive o seu direito a aposentadoria, levante-se e peça a visita para sair da sua casa.
Não é porque somos professores que não podemos esbravejar pelas ruas reivindicando os nossos direitos.
Não é porque somos professores que devemos demonstrar toda a nossa educação permanecendo calados diante daquilo que nos angustia, daquilo que nos tira a paz, daquilo que nos trai a confiança.
Ser professor é muito mais do que ensinar a educação, ser professor é ensinar o aluno a se tornar cidadão crítico e reflexivo é preparar esses sujeitos para a vida e não torná-los apáticos, medrosos, incapazes de se indignarem.
Não confunda professor com seres pacatos por causa da educação que recebeu e da educação que transmite todos os dias na sala de aula. Professor também tem sangue nas veias, professor também sabe gritar, professor é um sujeito constante de lutas e batalhas durante todos os dias da sua vida no exercício da sua profissão.
Porque o professor resiste.


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